quinta-feira, 25 de junho de 2009

Show de Johnny Cash em prisão há 40 anos integra festival de documentários em SP


Em janeiro de 1968, Cash e sua banda, The Tennessee Three, se apresentaram na prisão Folsom para cerca de 2.000 detentos. O álbum desse show se tornou um dos mais populares do "homem de preto" (“man in black”, como ele era conhecido, por sempre se vestir assim), e marcou a retomada da carreira do cantor, que esteve em baixa durante boa parte dos anos 60.

Foi em 68 também que Cash, pioneiro do rock'n'roll na década de 50, se casou com a cantora June Carter, que mudaria sua vida ao ajudá-lo a se livrar das drogas e ao torná-lo cristão. Essa história rendeu um filme bem mais conhecido, “Johnny e June” (2005), com Joaquin Phoenix e Reese Whitesrpoon.
O documentário “Johnny Cash at Folsom Prison" conta, por meio de entrevistas e fotografias, a história do evento, da vida do astro country e de como o show interferiu na vida de dois dos detentos que viram a apresentação, com destaque para o preso Glen Sherley, que viria a ter uma carreira musical impulsionada por Cash e June Carter. Não há filmagens do show na prisão.

Nesse show, houve uma empatia entre os presos e Johnny Cash, já que o cantor havia tido problemas legais devido às drogas, ainda que não tivesse sido preso. Era parte do mito que o músico sabia o que era viver atrás das grades. A essa cumplicidade com os fora-da-lei somam-se canções sobre temas conhecidos por boa parte da plateia, como "Folsom Prison Blues", "Busted", "The Wall", "I Got Stripes" e "25 Minutes to Go", e temos um momento histórico da música.


No documentário, tão importante quanto o show e o próprio cantor é a história de Glen Sherley. Preso por assalto a mão armada, Sherley teve uma de suas canções, "Greystone Chapel" --sobre a capela da prisão--, interpretada de surpresa por Cash no show. Um dos grandes momentos do filme é a exibição da imagem em que Cash estende a mão ao detento, que estava sentado na primeira fileira.

A relação entre Sherley e o casal Cash é contada pelos filhos do ex-condenado e por vídeos da época. Johnny Cash intercedeu junto ao governador da Califórnia para que Sherley conseguisse a liberdade e o levou à estrada no começo dos anos 70. Problemas com drogas e a incapacidade de se ressocializar levaram Sherley ao suicídio em 1978. No filme, depoimentos em vídeo de Sherley --quando ainda estava preso e depois que foi solto-- deixam clara a admiração e gratidão do músico pela ajuda de Johnny e June Carter Cash.

Entre os demais entrevistados, estão os filhos de Johnny Cash, Rosanne Cash e John Carter Cash, o baixista do Tennessee Three Marshall Grant, o fotógrafo Jim Marshall, o ex-detento Millard Dedmon e ex-policiais que trabalhavam na penitenciária --que é retratada também em cenas atuais. Cash aparece em depoimentos em áudio nos quais conta histórias de sua infância e de sua vida.

Das 16 canções lançadas no álbum original, cerca de cinco ganharam belos clipes de animação com imagens dos detentos e do show, além de outros recursos visuais.

"Se Johnny tivesse dito 'vamos fugir daqui', os detentos o teriam seguido", afirmou o fotógrafo Jim Marshall, responsável por todas as imagens do show que aparecem na tela. Já para a filha do cantor, Rosanne, foi justamente na prisão de Folsom --com toda a carga negativa que uma prisão pode ter-- que seu pai se tornou quem realmente era. Essa é a importância da apresentação em Folsom para Johnny Cash e os homens que tiveram, ainda que por algumas horas, sua rotina alterada há 40 anos.


trailer do documentário sobre johnny cash at folsom prison




In-Edit Brasil

In-Edit, festival dedicado a documentários musicais criado em Barcelona em 2002, acontece pela primeira vez em São Paulo entre os dias 25 de junho e 5 de julho, e exibe 47 filmes, 29 estrangeiros e 16 brasileiros. Cinco salas de cinema exibirão 47 filmes, entre eles os documentários convidados "Cantoras do Rádio" e "Um Homem de Moral", além de quatro curtas, todos a preços populares. No dia 9 de julho, o festival segue para o Rio de Janeiro, no Cine Santa Teresa. Veja a programação no site do festival.

Até o dia 5 de julho em São Paulo, as salas do MIS (Museu da Imagem e do Som), HSBC Belas Artes, Galeria Olido, CineSesc e Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso exibem a programação. Dos 16 filmes nacionais exibidos, seis estarão em competição. O vencedor será decidido pelo voto popular e apresentado em Barcelona, em outubro.

Entre os filmes nacionais, há o documentário sobre Ratos de Porão, Bicho de Pé, a cena heavy metal de Minas Gerais, o movimento manguebeat e a história do compositor Jards Macalé. Elvis Presley, Ramones, Nina Simone, Public Enemy, Rolling Stones e Sigur Rós figuram entre a programação internacional.

O diretor espanhol Fernando Trueba vai apresentar seus filmes "El Milagro de Candeal" e "Calle 54" no sábado (27), no MIS, em São Paulo.No In-Edit também terá shows, palestras, debates e outras atividades.

Mais documentários em SP

Além da programação do In-Edit, São Paulo tem no momento outros documentários musicais em cartaz nos cinemas, principalmente dedicados a artistas brasileiros.

"Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei" conta a história do cantor Wilson Simonal, que fez grande sucesso nos anos 60 e viu a carreira entrar em decadência após ter sido acusado de delação durante a ditadura militar.

Já "Lóki" retrata a carreira do músico Arnaldo Baptista, um dos criadores do grupo Os Mutantes, por meio de depoimentos do artista e figuras como Tom Zé. Outros nomes que são temas de documentários são os sambistas Walter Alfaiate, em "A Elegância do Samba", e Paulo Vanzolini, com "Um Homem de Moral".

No dia 10 de julho, chega às telas "Kurt Cobain - Retrato de uma Ausência", filme baseado no livro "Come as You Are: The Story of Nirvana". O documentário condensa 25 horas de entrevistas com Cobain, nas quais o músico fala sobre a vida, fama e carreira.


mais informaçõs sobre o festival em
http://www.in-edit-brasil.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

allefuckinglluiah