segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Entrevista com Mutant Cox, o mais atarefado músico do Psychobilly Brasileiro.


Mutant Cox ou Coxinha como é mais conhecido, é um dos mais prolíficos e criativos músicos da cena Psychobilly Brasileira. Multi-instrumentista talentoso concilia seu tempo nas diversas bandas e projetos que faz parte. é difícil falar de Psychobilly no Brasil sem citar o nome de Coxinha. Com vocês Mutant Cox, o músico mutante direto de Zorch

                         Participação com o Mad Sin    
    

Cleiner Micceno : Fale de sua trajetória , como você veio a se interessar por musica e quais foram suas primeiras bandas.

Mutant Cox : Minha primeira guitarra foi uma Giannini Sonic que troquei por uma bicicleta quando morava em São Carlos-SP, onde vivi um ano ou dois (por volta de 1990, 91, eu tinha uns 11 anos de idade). Dali voltei pra minha terra natal, Recife-PE, onde tive minha primeira banda com um amigo de lá que tocava bateria (ainda feita de lata). Por volta de 93, voltei pra Curitiba, toquei em algumas bandas de garagem, quando em 95 formamos o AZT, minha primeira banda um pouco mais “séria”, de Punk Rock e Hardcore. Daí pra frente foi só rock’n’roll, nos anos seguintes comecei a me interessar mais por Psychobilly, e derivados, foi quando comecei a tocar no Los Bandidos, pouco depois Ovos Presley, Os Cervejas, Os Catalépticos... depois toquei Rockabilly com o V8, Surf Music com o Maremotos, Country com o Hillbilly Rawhide, e por aí ainda estou indo!


Mas no meu início no rock mesmo, quando moleque ouvia mais bandas de Metal como: Iron Maiden, Metallica, Slayer, Sepultura e MUITO AC/DC e Motörhead (que inclusive foi o meu primeiro vinil, ‘1916’, logo quando saiu!). Depois comecei a curtir PunkRock,Hardcore cada vez mais, e mais (a ponto de ficar radical e não ouvir mais NADA!), e então veio o Psychobilly, que foi o que  me abriu a cabeça pra muitas outras coisas, como Rockabilly, Country, Blues, Ska, Surf, Garage... só fui conhecer essas coisas mais a fundo depois do Psychobilly.E com o passar dos anos, até o Metal voltei a ouvir! Hoje escuto o que gosto não importando o estilo.


                                 AZT 


C M : Sobre Psychobilly, como você  veio a conhecer o estilo e começar a toca-lo, e quais eram as bandas que te influenciaram na época?

M C: O primeiro contato foi quando vi um clip do Guana Batz naquele programa “Clip Trip”, era Rock this Town ao vivo no Klub Foot, se não me engano... Também na mesma época vi o clip d’Os Cervejas na MTV (Anjo da Morte), mas a primeira banda que ouvi (sabendo que era Psychobilly), e vi mesmo ao vivo foi  o Ovos Presley. Quando andava com os Punks 77 aqui em Curitiba, o meu amigo Paulo “Norman” Matos, que sempre passava uma sonzeira pra galera, começou a me mostrar algumas bandas  como o próprio Ovos, The Cramps, The Meteors, Batmobile, Demented Are Go, Stray Cats, e vários outros sons Psycho, Rockabilly, Surf, foi aí que entrei nesse ‘mundo’ Psycho! Em 96, já estava curtindo o Psychobilly mais do que qualquer outra coisa, comecei a tocar guitarra no Los Bandidos, que foi minha primeira banda de Psychobilly. Éramos muito influenciados por: The Meteors, Demented Are Go, Frantic Flintstones, Batmobile, King Kurt, Skitzo, Guana Batz, Torment, Cramps, Sonics, Trashmen, Monsters, Mad Sin, Kães Vadius, K-Billy’s, S.A.R., Missionários, Krápulas, Cervejas... só um pouco depois que fomos conhecer bandas como Krewmen, Klingonz, Nekromantix, Numbskulls, Mad Mongols, Mental Hospital, Banane Metalik, Meantraitors... que, é claro, também nos influenciaram muito, e ainda me influencia até hoje!


Enfim, pouco tempo após entrar no Los Bandidos, toquei baixo elétrico no Ovos por alguns meses, entrei como baterista d’Os Cervejas, daí começou Os Catalépticos, aonde fui o baterista por quase 10 anos, e aonde me aprofundei mesmo no Psychobilly chegando a tocar nos principais e maiores festivais do estilo no mundo. E por aí foi, nunca mais parei... Psycho Classics, Maremotos, V8, Hillbilly Rawhide, Sick Sick Sinners, Frantic Flintstones, Hellfishes, Three Bop Pills...............


C M :Como era a cena musical curitibana nessa época?

 M C : Quando comecei a tocar Psychobilly aqui, não existia muita “cena” Psycho, em termos de público, mas o que sempre teve foram as bandas, desde 86: Os Missionários, depois Os Escroques, Estúpido Estupro, Os Cervejas, Playmobillys, Dráculas Krápulas (que depois virou só Krappulas), Ovos Presley... mas público ‘Psycho’ memu, era mais o pessoal das bandas,  os amigos e ‘simpatizantes’ digamos... e então, na época que eu estava começando a me interessar mesmo, começou a rolar os primeiros ‘Psychobilly Fest’, foi aí que começou a se formar uma ‘cena’ um pouco maior. Bandas e público começaram a vir mais e mais de outras cidades, e a cena começou a crescer. Mais ainda quando começou o Psycho Carnival! Mas treta mesmo não tinha muito não, pois o ‘objetivo’ do Psychobilly era justamente a diversão acima de tudo, então rolava só se tinha algum ‘forgado’ que merecesse mesmo. Na época ‘punk’ tinha muito mais treta, eu acho... o pessoal foi meio que ‘crescendo’. Então resumindo, era uma cena bem unida sim, acho que de certa forma até mais do que é hoje, talvez porque era menor. 

                                Os Catalépticos

C M :Sobre  Os Catalépticos, como nasceu a ideia da banda e fale um pouco da história d ‘Os cata fora do país e na cena brasileira .

M C: Bom, a banda se formou primeiramente com a idéia do Gustavão (que na época tinha parado de tocar com os Missionários) e do Vlad (que também tava dando um tempo com Os Cervejas), e queriam formar uma nova banda Psycho, com um som diferente, mais agressivo do que suas antigas bandas. Portanto os dois voltando a tocar, seriam de uma certa forma ‘catalépticos’, o que combinava ainda mais com o nome da banda. Nos primeiros ensaios (que eu inclusive presenciei alguns), quem tocava a bateria era o Marcio Tadeu (vocal d’Os Cervejas, banda que na época eu já tocava bateria). E logo nos primeiros meses o Marcio saiu e eu o substituí. E a idéia da banda inicialmente não era nem tocar ao vivo, só talvez gravar alguma coisa pra alguma coletânea de fora, ou algo assim. Mas algo bom, de qualidade, e também o mais rápido e pesado possível! Essa sempre foi a grande meta da banda! E éramos bem determinados... Portanto foi ficando cada vez mais sério, propostas de shows começaram a aparecer, inclusive pra gringa pra tocar no maior festival de Psychobilly da época, o Big Rumble, na Inglaterra,( junto com The Meteors, Guana Batz, The Sharks, Restless, Frenzy...). E foi o que fizemos! Lá já fechamos algumas músicas em coletânea, e o primeiro álbum “Little Bits of Insanity”, tudo com os organizadores do festival, o pessoal da Nervous e Fury Records. Ano seguinte fizemos o mesmo festival de novo (com Batmobile, Caravans, Nekromantix, Klingonz, Godless Wicked Creeps...), dois anos depois fizemos a primeira ‘tour’ mesmo na Europa, em 2000 tocando na Bélgica, Alemanha, Holanda, França e Espanha. Aí já tinha saído o EP “From Beyond The Grave” e um vídeo “Os Catalépticos Live” (em 99 no Japão), e o 2º álbum “Zombification” na Alemanha (e em 2002 também no Brasil). 


Em 2003 fizemos outra turnê pela Europa passando pelos mesmos países, e também fizemos os Estados Unidos (Califórnia) 3 vezes (2002, 2004, 2006), sendo na última as duas últimas apresentações da banda, na Knitting Factory em Hollywood, que foram históricas! E acho que a importância que Os Catalépticos teve na cena curitibana, brasileira, e até mundial foi enorme! Principalmente pro Brasil foi fundamental, pois finalmente mostramos pros gringo que aqui também tem Psychobilly, acho que fomos a banda chave a dar o grande ‘empurrão’ que tivemos na cena Psycho Brasileira, o que aconteceu na época, pois a banda não só tocava nos shows, mas também organizava festivais, programa na rádio só de Psychobilly (Transsylvanian Express – Educativa FM e depois Radio Rock), fanzine (O Monstro), e foi aí que começou a realmente se formar uma cena, e uma cena forte, com shows constantemente, informações novas sempre vindo... Hoje em dia com a internet ficou tudo muito mais fácil, mas um tempo atrás era difícil conseguir um som diferente, a informação era muito mais rara. Enfim, a banda realmente fez história! Até hoje encontramos bandas até na gringa mesmo com influências fortíssimas d’Os Catalépticos. Muitos até levaram tanto ao ‘pé-da-letra’ essa história de tocar o mais rápido e pesado possível, que se esqueceram de aprender a tocar, antes disso tudo... enfim,  por um lado é bom ter influenciado muita gente, mas por outro é ruim por talvez não terem entendido direito a essência do som da banda.

                                  Sick Sick Sinners

C M : E sobre o Sick Sick Sinners? Como foi sua passagem pro baixo acústico e como foi recomeçar do zero depois d’Os Cata?

M C : Foi exatamente isso, como recomeçar do zero tudo de novo... Pois quando percebemos que Os Catalépticos não iria mais pra frente, e nós dois queríamos continuar a tocar, a única saída era formar uma nova banda. E então a idéia inicial do Sick era na verdade duas guitarras, eu e o Vlad tocando. Murilo Duma (ex-Psicotrópicos Deluxe) na batera e Manolo (Krappulas, ex-V8) no baixo acústico. Mas como estava difícil achar horário que todos podiam ensaiar, e eu estava com o baixo do Osmar (Hillbilly Rawhide) em casa, começamos a ‘quebrar o galho’ comigo no baixo, e foi dando certo, e ficando mais difícil pro Manolo ensaiar, então optamos por essa formação. Foi acontecendo meio que  naturalmente. Gravamos a primeira demo “We Are The Sick Sick Sinners”, antes de tocar o primeiro show, que foi no Psycho Carnival de 2006. Pouco depois entrou o Magrão (Sarnentos) no lugar do Duma na batera. Assim gravamos a segunda demo e o primeiro álbum “Road Of Sin” (que saiu no Brasil e na Alemanha), e realmente caímos na estrada, fizemos muitos lugares pelo Brasilzão mesmo (PR, SP, GO, MG, SC, RS), e muito lugar pra fora também, como Uruguai, Argentina, Estados Unidos, México, Chile, Holanda, França, Itália, Alemanha, Áustria, Inglaterra... Tivemos que formar, e firmar uma nova banda, mas que não ficasse muito atrás d’Os Cata... formar um novo público também, o que foi muito difícil, já tendo isso tudo formado já por anos com Os Catalépticos. 

                                 Sick Sick Sinners

Mas acho que estamos conseguindo! Estrada é o que não tem faltado pra gente! E então no ano passado (2009) entrou Emiliano Ramirez no lugar do Magrão na bateria, e já fizemos com ele mais uma parte do Brasil (MG e PR), e partes que nunca tínhamos feito antes como o Nordeste, fizemos PE, PB, RN e logo depois BA. Esses tempos fizemos DF e RJ pela primeira vez tbm. Acabamos de lançar o segundo disco que é um EP de 6 músicas chamado “Hospital Hell”, já com essa nova formação. Saiu por enquanto em i-tunes nos Estados Unidos pela Loveless Beat Records, e aqui em CD pela Zombie’s Union e Monstro Discos. Agora pra frente é só estrada!



C M: Queria agora que você  falasse sobre o Hillbilly Rawhide, como nasceu a ideia da banda e quais as mudanças desde o começo? Vocês saíram do Bluegrass mais tradicional que era a proposta inicial para algo mais country rock , conte um pouco disso.

M C: Então, a banda começou quando o Osmar (baixo acústico) mudou-se de Londrina pra cá, e na época já ouvíamos muito Country Music, então eu, ele e o Cleverson pensamos, por que não montar uma banda Country de verdade? Foi aí que começou a bagunça, tocávamos em trio (guitarra, baixo acústico e violino), e acho que fizemos um show  só com essa formação, no Lino’s Bar, finalzinho de 2002... logo em seguida recrutamos o Germano pra bateria, que também trouxe Mateus pra segunda guitarra. Fizemos o primeiro show com essa formação dia 2 de fevereiro de 2003, na festa de aniversário de 1 ano do filho do Osmar na casa dele. Na época, claro, era bem mais rústico, fazíamos muitas versões, principalmente dos Psychobilly que puxavam mais a veia country como King Kurt, Demented Are Go, Frantic Flintstones, Macavity’s Cat, algum Meteors..., que era afinal nossa maior influência na época, e também, é claro,  algum Bluegrass, o que realmente era uma influência mais forte no começo da banda, então o Mateus (segunda guitarra da época) começou a ‘tentar’ tocar o banjo (o que não deu muito certo), e pouco tempo depois ele e o Germano saíram da banda, então entrou o Klaus Koti tocando steel guitar (e cantando também algumas de suas músicas), o Mario “Larápio” no banjo e guitarra, e o Fábio Tupirô (que tocou bateria por pouco tempo), aí que a banda começou a ficar mais séria, mais firme... Pouco depois, Tupirô saiu e foi substituído pelo Juliano “Cocktail”. Assim fizemos o primeiro EP “High On The Road” (o famoso ‘da latinha’), que era mais como uma primeira ‘demo’ da banda e tinha a nossa primeira gravação: “Playschool Baby” (que também entrou no tributo ao Frantic Flintstones na europa) mais 2 faixas que depois entraram no primeiro álbum: “Ramblin’, Primitive and Outlaw!”, que saiu pouco em seguida aqui pela Funeral Music (do Vlad – Sick Sick Sinners/Catalépticos), e na Europa pela Crazy Love Records. Nessa época, como tinha steel, e o banjo ainda, o som era um pouco mais ‘Bluegrass Country’ mesmo. E depois de algum tempo, quando  o Koti decidiu sair pra se dedicar só pros seus projetos solos (O Lendário Chucrobillyman e Koti e os Penitentes), o nosso amigo Moisés (que logo virou Joe Ferriday) já estava tocando o piano, e foi aí que o som começou a ficar um pouco mais ‘Boogie-Woogie Country’, ou ‘Country Rock’. Então gravamos o EP “FNM” com 4 faixas, que saiu pela Orleone Records.

                          Hillbilly Rawhide

 Um tempo depois, na época em que voltávamos da turnê na Europa com o Frantic Flintstones ‘Brasileiro’, em 2009, o Mario saiu da banda, e eu tive que revezar a guitarra com o violão, ao invés de só tocar violão, então tirando o banjo o som ficou um country ainda mais boogie, honky tonk, e é claro, rock ‘n’ roll! (Sempre! Obrigado! E que nunca falte! hehehe) E a estrada ta comendo solta pro ‘Hillbilly’, estamos tocando muito mesmo, por aqui, e pelo Brasil a fora. Tem muita poeira pela frente ainda! No momento acabamos de lançar o terceiro disco que é um EP também, “Lost and Found”, que foi gravado ao vivo no estúdio Áudio Ataque em Curitiba em Abril de 2010! Fizemos o lançamento oficial num show histórico no Teatro Paiol aqui em Curitiba, que inclusive também foi gravado e pretendemos lançar algum registro ao vivo desse show. Mas isso já fica pro próximo episódio...

                         Frantic Flintstones 

C M : E como rolou o convite para tocar no Frantic Flintstones e sobre o cd a turnê e a receptividade dessa formação lá fora?

M C: No final de 2007, pra 2008, logo depois que o FF tocou aqui no Brasil pela primeira vez, os caras estavam precisando de guitarrista, e na época o Chuck estava namorando com a Maíra (de Londrina) que me indicou pra tocar a guitarra. Sempre fui um grande fã da banda, e foi uma das bandas que mais me influenciaram no Psychobilly. Mas foi quando eles já tinham achado o guitarrista (Kent, da banda Slapping Suspenders da Suécia), o que faltava agora mesmo era um baixista, o que se encaixava muito bem também, pois eu já estava tocando baixo acústico a um bom tempo já no Sick Sick Sinners, e no V8... então me encaixei perfeitamente na banda (tirando o fato de que eu estava a milhares de quilômetros deles com o oceano atlântico no meio, e tocando em 500 bandas já...), então antes de eu ir com o Chuck pros meus primeiros shows com o FF na Europa, ele veio pra cá e fizemos uma formação ‘brasileira’ chamada Chuck & The Brazil Crack Pipes pra tocarmos no Psycho Carnival 2008, e logo após o carnaval fomos eu, a Claudia (minha mulher, que foi junto me acompanhando, pois até então não sabia quando iria voltar), fizemos alguns shows (na Alemanha, Áustria e Holanda, que pra mim foram históricos!),

                                 Brazilian Crack Pipes / Frantic Flintstones       

 e então no meio dos shows, o baterista e o guitarrista saíram da banda, e como os planos de Chuckyboy já era vir morar aqui em Curitiba, viemos e continuamos o FF com a formação do Brazil C.Pipes. Compomos o disco novo (o Chuck e eu, praticamente inteiro) e gravamos aqui em Curitiba no estúdio Gramofone, com o Germano (que até então era o baterista) fazendo a parte técnica da gravação. Ficamos até o começinho de 2009 pra terminar todos os detalhes do disco “Psycho Samba My Way”, que já saiu logo na seqüência, em fevereiro no começo da turnê Européia (com a formação brasileira, já com Coelho substituindo Germano na bateria), o que foi muito legal também! Os gringos em geral gostaram muito da formação ‘brazuca’, tiveram muitos que até falaram que era a melhor formação em muitos anos, que há muito tempo não tinha tanta energia no som e nos shows. Foi muito bacana mesmo! Pois era o som do FF com a nossa pegada ‘brasileira’, um pouco mais nervosa e pesada! Fizemos 10 países (Alemanha, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Espanha, Suíça, Itália, Dinamarca, Rep. Tcheca e Escócia!), tudo de van, com equipo alugado, na maioria dos shows acompanhados d’As Diabatz, banda da Claudia, minha mulher. Foi a Psycho Samba Tour 2009! Já no meio da turnê, o Chuck (que estava solteiro novamente), decidiu ficar morando com sua nova companheira em Berlin, e ficando por lá, e é claro que dessa forma seria muito mais fácil ficar por lá e voltar com a formação européia, e foi o que aconteceu, já estão tocando bastante por lá de volta. Só em Agosto de 2009, voltamos com a formação brasileira pra Áustria para tocar no 3° Styrian Tattoo and Hot-Rod show, na cidade de Gleisdorf (próximo a Graz),  pois já estava marcado a muito tempo e com passagens e tudo mais comprados, então fizemos! E logo após o Psycho Carnival do ano seguinte (2010), o Chuck voltou ao Brasil e fizemos mais alguns shows com a formação brasileira! Rolou Curitiba, Londrina, Uberlândia e São Paulo. Desta vez com nosso amigo de Londrina: Preto Aranha (do Brown Vampire Catz), substituindo Mario na guitarra.

                          Chuck e Cox Gravação do Cd 

C M : Fale um pouco de suas várias bandas , e como você consegue dar conta?

M C : Atualmente, tenho tocado mais mesmo com o Hillbilly Rawhide, pois temos dois shows semanais aqui em Curitiba, mais shows esporádicos, por aqui, e em vários outros lugares aonde viajamos pra tocar. Mas também tem rolado bastante shows e viagens  com o Sick Sick Sinners, volta e meia tem algum show também do Hellfishes, e até o AZT continua tocando, estamos fazendo músicas novas e queremos gravar um CD pra ter um registro melhor da banda além das 3 demos de 95, 96 e 2006 (que gravamos quando voltamos com a banda). Agora uma banda mais nova que tenho tocado bastante também é o trio de Rockabilly, Country, Psychobilly, Blues: Three Bop Pills. Junto com a Claudia (minha mulher, d’As Diabatz,  que toca baixo acústico), o Ademir do Ovos Presley (no violão e voz) e eu toco guitarra e também canto algumas músicas. Temos já várias músicas próprias e também fazemos algumas versões que passam por todos esses estilos que misturamos. Mas tudo ficando mais com a nossa cara, do nosso jeito... é mais acústico, sem bateria... do jeito que era feito no começo mesmo, quando as bandas de Country e Rockabilly ainda não tinham bateria. 


     
Está sendo bem divertido fazer esse som, e todos nós (3) estamos aprendendo muito tocando juntos. Eu mesmo tinha mais ou menos parado de treinar tanto a guitarra, e nessa banda tenho que fazer muito mais solos, e riffs, então sinto que estou me desenvolvendo bastante tocando também com o trio. A Claudia e o Ademir também estão desenvolvendo muito. E o público parece estar gostado bastante também, a energia dos shows tem sido bem legal! E fora isso tudo ainda aparece alguns ‘bicos’ de vez em quando, como nas quartas, que tenho tocado baixo acústico com o Décio Caetano, guitarrista de blues daqui. É só nas quartas, mas tem sido bom também pro aprendizado, tenho que me desempenhar bem mais no baixão, e isso é muito bom pra me desenvolver melhor no instrumento. E também é bom nesse caso por ser só nas quartas, pois não atrapalha tanto meus projetos principais, e eu além de ter mais um ‘trabalho’ extra, estou aprendendo bastante e me desenvolvendo musicalmente. 


Com Mad Sin

C M : E sobre influências hoje, mudou algo desde a época que começou a tocar?

M C : Vixxxxx.... aí vai ficar pequeno, tenho que resumir! Hehehehe... Mas como já citei antes, comecei ouvindo mais o ‘rock metal’. AC/DC, Motörhead, Black Sabbath, Kiss, Sepultura, Slayer, Iron Maiden, Metallica, Judas Priest, Megadeth, Anthrax, Pantera..., que foi o que realmente me influenciou na minha adolescência. MUITO METAL! Depois, veio o Punk, como também falei, curtia muito, desde o velho e clássico Punk Rock como Stooges,  The Clash, Ramones, Pistols, Buzzcocks, Stiff Little Fingers, The Jam, Eddie and the Hotrods, Vibrators, Undertones, Toy Dolls, Cock Sparrer, Sham 69, The Adicts, 999, Business, Blitz, Garotos Podres, Replicantes, Lixomania, etc... Até as mais Hardcore, como The Exploited, Charged G.B.H., Discharge, Varukers, Chaos U.K., Dead Kennedys, Black Flag, Misfits, D.R.I., Suicidal Tendencies, Conflict, Disorder, One Way System, Riot Squad, Extreme Noise Terror, Terveet Kadet, Anti-Cimex, Upright Citizens, Vorkriegs Jugend, Broken Bones, Olho Seco, R.D.P., Inocentes, Cólera, Psykóse, Fogo Cruzado, Kaos 64, Cambio Negro HC... Então veio o Psychobilly, muito Meteors, Cramps, Demented Are Go, Guana Batz, Batmobile, Frantic Flintstones, King Kurt, Torment, Sting-Rays, Ricochets, Sharks, Frenzy, Coffin Nails, Skitzo, Long Tall Texans, Pharaohs, Reverend Horton Heat, e por aí vai...) até aí foram mais as ‘clássicas’, só depois de alguns anos que fui conhecer bandas mais pesadas, como Krewmen, Mad Sin, Klingonz, The Quakes, Nekromantix, Sugar Puff Demons, Batfinks, Hellbillys, Numbskulls, Mad Mongols, Mental Hospital, Banane Metalik, Damage Done By Worms, Broncats, Scum Rats, Punishers, Meantraitors, Mosquito, Godless Wicked Creeps, Celtix, Kryptonix, Doctor Blood, Cenobites, Chibuku, Fireballs, Barnyard Ballers, Los Gatos Locos, Gorilla, SxTxHx... que eu também sempre curti muito! 



Só não gosto das que são: ou  toscas demais, ou muito melódicas, que pegaram a linha de bandas como Tiger Army, Horror Pops, Rezurex, Creepshow e coisas do tipo... acho que atualmente bandas como Mad Sin e Nekromantix também aderiram bem mais a esse ‘novo’ Psychobilly, que eu não gosto nada! Não suporto ouvir MESMO! Saindo um pouco do Psychobilly, o que mais escuto é Country Music! Desde a velharia, como Jimmie Rodgers, Bob Wills, Carter Family, Ernest Tubb, Bill Monroe, Flatt & Scruggs, Hank Williams, George Jones, Webb Pierce, Ray Price, Johnny Cash, Doc Watson, Moon Mulican, Marty Robins, Grandpa Jones, Red Sovine, Dave Duddley, Dick Curless, Buck Owens, Johnny Paycheck, Willie Nelson, Merle Haggard, Waylon Jennings, Billy Joe Shaver, David Allan Coe, C. W. McCall, Hank Jr., Charlie Daniels Band, Jerry Reed, Commander Cody… até alguns mais recentes, como Dale Watson, Junior Brown, Wayne Hancock, Big Sandy, Moot Davis, Willie Heath Neal, Hank III, High Noon, BR5-49, Lucky Tubb, Joey Allcorn, J. B. Beverly, Bob Wayne, Old Crow Medicine Show, Hayseed Dixie… Também gosto muito de ouvir Ska, Reggae, ou Dub de vez em quando. Desde os mais clássicos antigos jamaicanos, Skatalites, Prince Buster, Toots & The Maytals, Laurel Aitken, Ethiopians, Rico Rodriguez, Lee Perry..., os 2-Tone ingleses, é claro, Specials, Madness, Bad Manners, The Beat, Selecter..., e alguma coisa dos mais novos, como Slackers, Toasters, Skarface, Victor Rice..., não gosto dos muito ‘pop’, ou ‘ska-core-melódico’! Gosto de ouvir um  Blues de vez em quando, Robert Johnson, Muddy Waters, Howlin’ Wolf, Little Walter, Magic Slim..., não tem como não ter influência! O Rockabilly também, é claro, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Gene Vincent, Eddie Cochran, Buddy Holly, Elvis, Johnny Burnette, Robert Gordon... os que vieram depois também: Crazy Cavan, Stray Cats, Blue Cats, Polecats, Restless, Rattlers, Caravans, Wigsville Spliffs, Space Cadets... E o legal é que depois de conhecer tudo isso ainda curto demais tudo que já ouvi. Desde o metal,  hardcore, ou os punk rock velho, ska, country, blues... tudo que sempre gostei, ainda gosto demais! Preciso ouvir música TODO dia, se não fico doido! E procuro sempre estar me atualizando, ouvindo coisas novas de estilos antigos e novos, ou até coisas também antigas que não conhecia... a música é infinita! Sempre vai ter alguma coisa que você não conhecia, ou aparecer coisas novas...


C M : Você que já tocou com várias bandas que te influenciaram, como é a visão dessa galera sobre a cena e as bandas brasileiras, e como é pra você ter contato com todas essas pessoas que te influenciaram de alguma forma?

M C : Isso é algo que acho que sempre sonhei, mas nunca imaginei que fosse realmente acontecer. Só de ver bandas gringas, novas ou antigas, vindo pra cá, é algo que já era considerado ‘impossível’, depois ainda tocar com algumas dessas bandas pra mim é muito especial, sempre se aprende alguma coisa que eu levo pra sempre com minhas bandas, a bagagem só vai aumentando... Mas sobre o que eles pensam sobre as bandas daqui, em grande maioria os gringos mal sabiam que aqui havia uma cena ‘Psychobilly/Rockabilly’, então das primeiras vezes, na época d’Os Cata, era meio bizarro, ainda mais se tratando de Os Catalépticos, que era uma banda bem extrema, diferente de todas outras, eu acho. Então nessa época os gringos achavam que aqui só existia bandas desse estilo, o que pra maioria do público mais ‘tradicional’ do Psychobillyera horrível! Mas com o tempo fomos pegando mais respeito, e o pessoal começou a conhecer outras bandas, a entender que aqui já existe uma cena desde os anos 80, e que acontece até hoje... Atualmente a maioria das bandas gringas querem tocar no Brasil, no Psycho Carnival, ou algo parecido... E como muita gente têm vindo não só pra tocar, mas também para ver os festivais, estão conhecendo mais e mais nossas bandas, e confesso que hoje em dia acho que estamos com um ótimo respeito na gringa! GO BRASIL PSYCHO!!!



C M : Sobre os festivais , você  participa desde o inicio deles, quais as mudanças neles e também na cena? E o que você acha de positivo e negativo na cena atual de Psychobilly nacional e mundial?

M C : Taí uma ótima questão. Pois tenho acompanhado essa cena há mais de 15 anos, e muita coisa mudou desde então. Começando com o fato da facilidade que hoje em dia se tem pra conseguir sons, informações... Com apenas alguns ‘cliques’ você tem o mundo na sua mão, ficou fácil demais, esse talvez seja um dos fatores principais que mudaram a cena. Hoje em dia tem muita gente que vai mais no ‘embalo’, mas não gosta realmente daquilo, e geralmente mudam de idéia e gosto muito rápido... E isso atrapalha um pouco, mas no final das contas se você for ver a maioria que ainda estão ali firmes resistindo são os mais velhos, que já estão na cena desde antes de ter toda essa coisa de internet. Claro que tem várias exceções, tem também um público mais jovem sempre aparecendo, é claro, mas poucos resistem aos anos. No começo dos primeiros Psychobilly Fest e Psycho Carnival lembro que conhecíamos, e muito bem, quase todos que vinham de fora, de outras cidades, e até países, hoje em dia é o contrário, você acaba conhecendo mesmo, a minoria, e acaba pintando um monte de gente que você vê às vezes uma vez só, o que por um lado é bom, mas por outro é uma outra ‘atmosfera’ diferente do que era no início, quando parecia rolar uma ‘união’ maior. Mas ainda acredito que tenha futuro e que pode voltar a ser um pouco mais como era há alguns anos atrás. Talvez o melhor não seja tanto a ‘quantidade’, mas sim a ‘qualidade’ do público que está ali porque realmente gosta da música  e das pessoas. 



C M :E as novidades, quais os próximos projetos?

C M : Como falei na pergunta sobre o Hillbilly Rawhide, gravamos o show do lançamento do ‘Lost and Found’ no Teatro Paiol, e isso deve virar um disco ao vivo com quase todas as nossas músicas inclusas. Uma boa ‘coletânea’ de nosso trabalho antigo, e também de várias músicas novas que ainda não tinham sido gravadas. Estamos bem ansiosos por esse disco, a captação ficou muito boa, e foi feita pelo nosso amigo Virgílio, do estúdio Áudio Stamp. O mesmo que gravou o EP ‘F.N.M.’, e os dois discos do Sick Sick Sinners, ‘Road of Sin’ e‘Hospital Hell’. Também estamos pra re-lançar os dois primeiros do Hillbilly Rawhide, o ‘Ramblin’, Primitive and Outlaw’ e o ‘F.N.M.’ em um CD só. Também gravar um clipe novo da banda, que já tem muito tempo desde o primeiro, ‘High on the Road’. Há alguns meses também lançamos o primeiro trabalho do Hellfishes, ‘Ao Vivo no Tó’, estúdio caseiro do nosso amigo Norberto. São 7 faixas de um ‘Psycho-Surf-Western Instrumental’ ao vivão memu... Também estamos pra gravar o primeiro registro com o Three Bop Pills também, o trio mais Rockabilly com a Claudia e o Ademir. Já estamos com umas 15 músicas próprias prontas pra gravar! Em breve... Antes disso deve sair um DVD do Festival de Blues do Pensador que participamos com o trio há alguns meses, que foi muito bacana, e cada banda/músico participará com uma música. Só eu toquei numas 4 aquele dia...


 
C M :Pra finalizar deixa um recado ai pra galera.

M C : Eu gostaria antes de qualquer coisa, me desculpar pelo pequeno atraso de um ano e meio para entregar essa entrevista. Realmente na correria do dia-dia foi ficando cada vez mais difícil ter tempo, mas finalmente terminei! Tive que inclusive mudar várias informações que já tinham acontecido como lançamentos, gravações, viagens... Boa parte da minha história está aqui nessa entrevista, e agradeço muito não só a paciência da espera de meu amigo Cleiner, mas também a todo seu trabalho e luta em todos esses anos ajudando a manter viva a cena Psychobilly no nosso país. Está até hoje sempre que pode registrando os festivais, e eventos que volta e meia acontecem por aqui. Daqui anos vai estar tudo aí registrado pela sua câmera pra ninguém dizer que foi mentira! Continue sempre com o seu trabalho! É importantíssimo pra nossa história!

C M :Eu que agradeço  Mr Cox pela entrevista, garanto que vai ser muito importante pra muitas pessoas saberem um pouco mais de sua trajetória na cena.

M C :Valeu você por tudo Cleiner! E tamu junto nessa loooooooooooonga e rochosa estrada do Rock’n’Roll! FOREVER!!!

C M : É noise fi \m/



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