Cleiner Micceno -Gostaria que você falasse sobre sua trajetória,de como e quando você veio a se interessar por Psychobilly? E quais são suas principais influências?
VLAD URBAN -Bom, eu comecei a me interessar por música desde muito cedo, em casa, meus pais ouviam bastante música, minha mãe sempre comprava discos, me matricularam em uma aula de violão quando eu era bem novo, então, acho que este interesse por musica vem desde de sempre. Em relação ao psychobilly, foi quando no colégio comecei a ouvir punk rock e algumas outras bandas que tocavam na radio rock da época em Curitiba, que era a Estação Primeira, ai ouvia tudo que caia na mão, desde Bauhaus até Tom Waits, passando por Cólera, Toy Dolls e mais um monte de coisas, ai um amigo meu que curtia bastante som tipo The Cure, Siouxie, me passou uma fita que tinha duas musicas do The Cramps, “Human Fly” e “The Way I Walk”, viciei naquele som , dai em diante corri atrás de outras bandas neste estilo, encontrei Meteors e Guanabatz nas lojas, e comecei a conhecer o pessoal que ja curtia psychobilly em Curitiba. Ai conheci Os Missionários e mais uma porrada de bandas, Kães Vadius, K-Billys, SAR. As minhas principais influências são estas bandas de quando eu comecei a ouvir psychobilly e também as bandas que eu conheci depois, como DAG, Mad Sin, Klingonz e por ai vai. Também no tempo que eu tocava com Os Cervejas eu comecei a fazer aula de guitarra com o pessoal que tocava em bandas de metal, daí vem essa pegada mais pesada. E também em termos de guitarra acho que a minha grande influencia sempre foi Toy Dolls.
C M - Ainda nos Catalépticos, um dia você me disse que a primeira viagem pro exterior foi mais complicada, e que os gringos olhavam com desconfiança para uma banda que vinha do Brasil que não tinha tradição no estilo, como foi essa fase e quando eles começaram a mudar esse conceito?
V U - Imagino que agora com a popularização da Internet isso deva acabar, talvez ainda tenha um pouco de desconfiança, mas é muito menos, cada vez mais as bandas brasileiras tem contato com selos e público gringo, isso já acaba com essa visão. Talvez na época o que chocou mais os gringos não era só que era uma banda do Brasil, mas também a proposta dos Catalépticos, era uma coisa que não se via com tanta freqüência.
C M - Em quais festivais vocês tocaram ainda com Os Cata? E gostaria também que você contasse alguma coisa marcante dessas turnês e sobre os contatos com as bandas e as gravadoras de fora do país.
V U - Tocamos no Big Rumble na Inglaterra, nas duas ultimas edições, 97 e 98, tocamos também num festival na Alemanha chamado "You don´t Know them from the Klub Foot", no Wreckers Balls nos EUA, depois no Psycho Meeting na Espanha, quando era em Calella e na despedida da banda nos EUA tocamos no Hollywood Showdown.
houveram várias coisas marcantes, principalmente no começo, pra gente era muito impressionante ver a quantidade de Psychos nos festivais, enquanto em Curitiba gente contava com os dedos de uma mão quantos haviam, la tinham centenas!
Todas as viagens foram muito fodas, mas em relação a selos e bandas, as coisas não eram muito diferentes do Brasil, mas como tem muito mais grana na cena, a coisa anda. É sobre as bandas, haviam bandas que o pessoal virou brother e até hoje são, e já outras não.
C M -E sobre os fetivais em Curitiba? Fale um pouco de onde veio a idéia inicial dos festivais e se você, ainda nas primeiras edições do Fest e depois do Carnival achava que eles tomariam o rumo e a importância que tomaram?
V U - Bom nos festivais foi a maneira que encontramos para reunir a cena, para encontrar os amigos e até fazer a cena crescer. Quem começou essa batalha foi o Wallace, que fez as primeiras edições do fest, e na época dos Catalépticos a banda começou a ajudar também. Ai eu comecei a tomar a frente nesses projetos de festivais. No começo não dava muita gente, mas, depois engrenou e agora esta bem legal. O Carnival começou completamente sem querer, era um show para uma banda de uns amigos franceses que estavam vindo ao Brasil e ai percebemos que era muito massa a idéia de fazer o show no Carnaval, e começamos a fazer todos os anos, mas nunca esperei que fosse ficar deste jeito.
C M - depois da separação dos Cata qual foi a sensação de começar tudo do zero com os sick sick sinners? você acha que a renovação foi importante para dar fôlego na carreira?
V U - Acho que ninguém tem que ter medo de começar as coisas do zero, é ai que ta a graça, não posso dizer que foi uma renovação tão grande, por que continuo cantando e tocando guitarra numa banda de psychobilly, a parceria com o Coxinha sempre foi muito boa tanto musicalmente como na relação de amizade. Acho que foi mais um desafio mesmo e com certeza deu gás.
CM - E a gravação do disco? Como é a aceitação da banda la fora, agora com os Sinners?
V U - A gravação foi ao complicada, porque começamos com uma proposta de gravação e mudamos no meio. Era para a gente ver os timbres na pós-produção, mas mudamos de idéia no meio do trabalho, então acabamos acertando alguns timbres no braço, mas no final ficou como que gente queria. Acho que a aceitação foi muito boa, vínhamos dos Catalépticos, o que já ajudou muito, principalmente nos EUA, e na Europa muita gente que torcia o nariz para Os Catalépticos acabou gostando bastante do 66Sinners. Mas acho que o espaço do Sinners não está firmado ainda, tem muita coisa para fazer, somos uma banda de um CD só, precisa muita coisa ainda.
C M - Sobre cinema e filmes de terror, tanto a capa do cd como as vinhetas que permeiam a versão brasileira, são citações a filmes de terror, os filmes ainda tem muita influência nas musicas dos sinners , e quais são seus filmes preferidos?
CM- Gostaria que você falasse sobre a turnê européia e nos EUA que os Sinners fizeram a pouco tempo.
V U - Foi muito massa, foi paulera pra caralho, porque haviam shows quase todos os dias, uma coisa que a gente não ta acostumado no Brasil, e tivemos um retorno animal do público, e mesmo quando tinha pouca gente no show a venda de cds e camisetas surpreendia. Dormimos pouco pra caralho, tomamos banho frio, (às vezes nem banho) comemos muito fast food, em compensação bebemos bastante cerveja boa hahahah conhecemos lugares e pessoas muito legais, muitas bandas legais também, é difícil descrever como que as coisas aconteceram la, mas foi foda, percorremos uns 10.000 kms na Europa. Nos EUA também foi foda, tivemos alguns problemas com cancelamentos, mas tanto na Europa como nos EUA fizemos a maior parte da tour como headliners então tínhamos uma responsabilidade grande.
C M - E hoje em dia qual é a visão dos gringos sobre a cena brasileira, depois dos festivais estarem bem organizados e varias bandas vindo pra cá?
V U - Cara, todo mundo quer tocar no Brasil, todo mundo quer vir pra cá, acho que eles tem a melhor impressão possível, claro que as passagens são caras e temos que nos organizar ainda mais para que cada vez role mais bandas e publico gringo. Mas acho que a visão sobre a cena e os festivais ta cada vez melhor.
C M – E sobre a cena brasileira? Qual a principal evolução que você vê depois de tantos anos? E logicamente quais suas bandas preferidas no Brasil?
V U - Acho que o acesso aos instrumentos melhores, estúdios melhores, acesso a todas as bandas que a Internet possibilita, acaba ajudando bastante na evolução da cena, os festivais e os shows também acabam fazendo um intercâmbio e isso também ajuda muito, se fosse comparar o que se tem hoje para dez anos atrás é um salto gigante, e na verdade acho que a cena brasileira tem revelado grandes bandas da cena mundial e já faz um tempo, cito como exemplo Frenetic Trio, TBVC e As Diabatz.
Gosto pra caralho de uma porrada de bandas brasileiras, mas Ovos Presley, Hillbilly Rawhide, TBVC, Frenetic Trio, hoje são as minhas preferidas.
C M – Gostaria que você falasse sobre seus projetos atuais, e sobre as novidades sobre o Sinners?
V U - Meu mais novo projeto é a cerveja Diabólica, uma cerveja que eu estou fazendo aqui em Curitiba com mais 4 sócios, entre eles ta o Rafael Silveira grande ilustrador e vocalista do Los Diaños. Estamos engarrafando a nossa produção em breve, e ela ta ficando muito boa, quem se interessar da uma conferida no site: http://www.cervejadiabolica.com.br , Também fui convidado a participar do álbum da volta do Dragstrip Demons, dos EUA, tenho alguns rifes na manga e acho que vou passar para eles, fui convidado para participar na produção do álbum também. O que é muito legal porque acaba retomando aquele esquema que eu participei ai na produção do mini cd do The Reservoir Dogs! Bom, no Sinners agora estamos substituindo o batera, então estamos meio parados, estamos com convites para tocar em todo o Brasil, mas temos que acertar de volta a formação. Enquanto isso to aproveitando para começar a compor o próximo album.
C M - E sobre os festivais alguma coisa ja acertada pras próximas edições?
V U - Já sim, já fechamos a data do próximo Psycho Fest vai ser nos dias 10 e 11 de outubro e também o line up desejado, e estou em contato com várias bandas de peso para o psycho carnival.
C M - Para finalizar, fale alguma coisa pra galera que está começando agora.
V U - A mensagem é ter confiança no que faz e fazer o que gosta.
CM - Valeu Vlad !
album - road of sin
essas entrevistas e textos tão assim, em uma palavra: Completíssimos
ResponderExcluirCara
ResponderExcluirUm blog renovado tanto assim preciso divulgar pro carlão comentar no blog dele.
abraço
Vebis jr