quarta-feira, 10 de março de 2010

john cassavetes & beat generation


Beat generation e o free jazz encontraram no ator e diretor John Cassavetes (1929-1989) espírito vanguardista,é o pai dos cineastas independentes

Os EUA da beat generation e do free jazz encontraram na figura do ator e diretor John Cassavetes (1929-1989) seu melhor intérprete. Graças a esse espírito vanguardista, Cassavetes, o pai dos cineastas independentes, provocou uma mudança de rota tão brutal no cinema americano que Hollywood não conseguiu ignorar o realizador, homenageado pelo selo Cinemax (Continental) com duas caixas de DVDs que trazem cinco de suas principais obras. Na primeira estão seu filme de estreia, "Sombras" (1959), "Faces" (1968) e "A Morte de Um Bookmaker Chinês" (1976). A segunda caixa reúne "Uma Mulher Sob Influência" (1974) e "Noite de Estreia" (1976). São os mesmos títulos restaurados e lançados pela Criterion americana.
Visionário, Cassavetes assumiu a tarefa de documentar (em 16 milímetros, preto e branco e um orçamento liliputiano de US$ 40 mil) a emergência de uma nova América nos anos 1950. Há meio século ele ousou filmar relações inter-raciais quando o assunto era tabu nos EUA, tendo como pano de fundo a cena jazzística em Manhattan e a desesperança da geração beat, cujos representantes são reduzidos a aparições em Sombras. Nele, três irmãos afro-americanos lutam para realizar projetos pessoais que parecem fadados ao fracasso.

Em "Faces", Cassavetes não se mostra menos pessimista. Seu comentário sobre a demolição do sonho americano tem algo a ver com o oclusivo universo matrimonial retratado pelo sueco Bergman Aqui, ele fala da falência de um casamento de 14 anos num país que mergulhava numa guerra suja (a do Vietnã) e testemunhava o advento da filosofia hippie. A desintegração do casal é retratada de maneira crua em close-ups e preto e branco, no melhor estilo do cinéma verité. Completa a primeira caixa o terceiro título, "A Morte de Um Bookmaker Chinês", noir fragmentado sobre o proprietário de um clube noturno forçado a cometer um crime.

A segunda caixa traz como protagonista a mulher do diretor, Gena Rowlands, em duas obras-primas de Cassavetes. Em "Uma Mulher Sob Influência", ela interpreta uma dona de casa de classe média baixa. Já em "Noite de Estreia", Gena é promovida à condição de diva do teatro. Em ambos os casos, porém, as duas mulheres estão à beira de um ataque de nervos. No primeiro, o marido de Mabel, mãe de três filhos, tenta lidar com a instabilidade mental da esposa. No segundo, "Noite de Estreia", são os companheiros de teatro de uma prima-dona que tentam contornar as excentricidades da atriz em sua luta inglória contra a velhice. Dois exemplos da sensibilidade de um autor independente e acima da média.

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