segunda-feira, 29 de março de 2010

O Rio de Janeiro Continua Psycho - Stalker Shots entrevista A Grande Trepada

A Grande Trepada ou BigTrep é uma das mais antigas bandas Psychobilly no Brasil, e junto com os Kães Vadius, são reponsáveis por muitas pessoas (inclusive eu) terem la pelo final dos anos 80 começado a ouvir e tocar Psychobilly.

Originários do Rio de Janeiro, uma cidade de pouquissima ou nenhuma tradição de Rock´n´roll, conseguiram subverter os padrões e manterem-se na ativa por 23 anos e sem nenhum sinal de cansaço, assegurando ainda muitos anos de Rock´n´roll pela frente.A entrevista foi feita com Edu e Mauk respectivamente baixista e guitarrista da banda BigTrep.

Divirtam-se com mais essa entrevista, preparem os cigarros e tenham todos uma Grande Trepada!

Mauk 1989

Cleiner Micceno - Primeiramente gostaria que vocês contassem um pouco da trajetória da Grande Trepada, como era a cena no rio nos anos 80? Como formaram a banda e se houve alguma banda antes? E o nome, Grande Trepada foi algum experiência pessoal de alguém (ahauahaua) e o apelido Bigtrep foi para burlar a censura?


Edu - Nos anos 80 a cena independente era praticamente inexistente no Rio. A cena punk era bem mais restrita que em São Paulo. Em 1980 o Léo (irmão do Mauk) montou uma banda de punk rock chamada 402 com o Fernando Magalhães (guitarrista do Barão Vermelho). Já eu e o Mauricio subimos num palco pra tocar pela primeira vez com a Bigtrep.
Nós sempre escutamos som juntos, o Léo e o Mauricio são irmãos como falei e meus primos. Além disso, moramos no mesmo prédio durante anos e passávamos as tardes escutando música. Tudo começou bem cedo quando eu tinha uns 8 anos (o Mauricio uns 6), a gente via aqueles filmes dos Beatles e do Elvis na "Sessão da Tarde" e se amarrava. Daí passamos a comprar os discos dos Beatles, juntávamos dinheiro do lanche do colégio e pedíamos sempre de presente de aniversário, natal, etc. Isso foi por volta de 1976. Em 1979 já tínhamos todos os Beatles e estávamos ouvindo algumas outras coisas também (Kinks, Chuck Berry, The Who, Led Zeppelin, AC/DC, Neil Young). O Léo é 4 anos mais velho que eu e 6 anos mais velho que o Mauricio então ele sempre aparecia com novidades. Em 1980 ele apareceu com um monte de som novo: Sex Pistols, The Damned, 999, The Clash, The Jam e toda aquela cambada de bandas da primeira safra do punk inglês. Junto também vieram os Stray cats.




Léo e Fernando Magalhães


Mauk
- Logo depois conhecemos o Cramps também. Sempre fomos meio ratos das fichas técnicas dos discos que comprávamos e a partir daí íamos vendo os autores dos covers e corríamos atrás dos originais. O Edu conheceu o Nery, nosso primeiro baterista, no colégio e ele já estava ligado neste mesmo tipo de som. O irmão dele tinha muitos discos do Johnny Cash, Hank Williams, Eddie Cochran, Gene Vincent, Buddy Holly e a galera da Sun. Outra fonte era um sebo aqui do Rio "Balzac" do Elmar, que deu muita força pra gente no início, onde os colecionadores de discos das antigas se reuniam. Ali escutávamos muito rock nacional pré-jovem guarda como Albert Pavão.
Edu e Mauk em 1974

Edu - Quanto ao nome "A Grande Trepada" era o nome de um filme pornô. Na época os nomes desses filmes vinham escrito abreviado no jornal tipo: A Grande T. Um dia a irmã do Mauricio e do Léo (que é bem mais nova que a gente) ficou ligando pro cinema, junto com uma amiga dela, pra perguntar os nomes dos filmes e a coroa lá do outro lado retrucava: É T de trepada minha filha, A Grande Trepada. E elas se acabavam de rir. A gente lembrou dessa história quando procurávamos uma nome e assim ficou. Fora que tem muito a ver com rock’n’roll, que como vários outros termos usados na música popular teve origem justamente numa gíria para “trepar”.

Cartaz do filme "A Grande Trepada " do diretor Mário Vaz Filho

O “Bigtrep” veio logo depois do primeiro show. O Tom Leão, crítico do Globo, tinha ido ver o nosso primeiro show e queria dar uma nota mas foi embarreirado pelo editor que disse que não rolava de colocar aquele nome no jornal. Então ele ligou pra gente pra contar a novidade. Nós fizemos uma reunião e decidimos dar um apelido para a banda e alguém veio com Bigtrep. As vezes as pessoas pensam que mudamos o nome e tal, mas na verdade a banda ficou com um nome e um apelido. Algumas pessoas preferem um, outras o outro. Para nós tanto faz.
1990 com os Stray Cats

C MVamos falar de influências que levou vocês a formarem uma banda de PSYCHOBILLY, principalmente no Rio de Janeiro que é uma cidade pouco propícia ao estilo?

Edu - Em 1984 um camarada nosso, o Luís Skunk, que foi um dos fundadores da “Bigtrep” e depois montaria o Planet Hemp, conheceu uma menina que tinha acabado de voltar de Londres com uma porrada de Lps de psychobilly. Não tinha lugar escutar o som? Não tinha banda pra gente assistir? Então vamos fazer uma nós mesmos. Escolhe um instrumento aí e vamos nessa. Começamos a fazer ensaios em casa em 1986. Como disse, a parte o Léo, não tínhamos nenhuma experiência prévia então fomos aprendendo a tocar e fazendo as primeiras músicas tudo ao mesmo tempo.

Mauk - Em junho de 1987 fizemos nossa estréia em um bar no Jardim Botânico. Algum tempo depois lá na "Balzac" ouvimos pela primera vez o vinil dos Kães Vadius e descobrimos que já havia outra banda de psychobilly no Brasil. Do gênero rockabilly/psychobilly conhecíamos o Coke Luxe. Já tínhamos o disco e ele inclusive rolava na Rádio Fluminense.
Primeiro show 1987

C M - Como rolava a interação com as bandas de SP? E falem sobre a coletânea Devil Party.

Mauk - No final de 1987 nós recebemos um convite para tocar no clube G.I.S.S.E.L.A. em São Caetano com os Kães Vadius, S.A.R., K-Billy's e os Garotos Podres fechando a noite. Não me lembro nem como rolou o contato. Já faz tempo, sabe como é que é. Hehe

Edu - Depois dessa primeira ida voltamos várias vezes. Tocamos no Cais, Espaço Retrô, Madame Satã. Conhecemos o Worney que editava um fanzine o "Rabo de Peixe" e ele nos apresentou ao Edy Teddy que tinha um conhecimento do assunto e uma coleção de discos absurdos. Nós íamos na casa dele e ficávamos horas ouvido som e histórias. Com ele ouvimos falar pela primeira vez de “Luizinho e seus Dinamites”, por exemplo.

Mauk - Em 1989 fomos tocar no "Boca Livre", programa de televisão do Kid Vinil, naquele dia também tocaram o S.A.R, o Kães e o Little Quail. Logo depois rolou o convite pra participarmos do "Devil Party".

C M – Como o som de vocês era visto no Rio, e em relação às outras bandas, havia uma boa interação?

Edu - A cena independente no Rio sempre foi pequena, todo mundo se conhecia e não rolava treta, então qualquer noite com rock todo mundo ía. Não vou dizer que havia uma união entre as bandas ou coisa do tipo, mas todo mundo se conhecia mal ou bem então sempre rolava muito respeito. Os shows sempre acabavam tendo bandas de diferentes estilos e o público parecia curtir isso. Se a gente fosse esperar uma outra banda do mesmo estilo pra tocar não íamos tocar nunca. Huahuahuahua
1994 Léo, Fábio, edu, Mauk, Nelson

C M – E sobre o primeiro disco oficial o Rockabilly Voodoo, lembro que na época saiu uma resenha na revista Bizz se não me engano, assinada pelo André Barcinsky se não me falha a memória...

Mauk - Nossa primeira gravação foi em 1987. Fizemos uma demo com 6 músicas que tocou no programa "Novas Tendências" do José Roberto Mahr. Em 1988 fizemos uma segunda demo e “Surf-Drácula” chegou a entrar na programação da Rádio Fluminense. Em 1991 nós estávamos tocando umas 50 músicas (entre covers e nossas) e começamos a fazer uma série de demos tentando registrar o máximo que podíamos.

Demo "Rockabilly Voodoo"

Edu - Nesse meio tempo o Nelson entrou na banda e ficamos com duas guitarras. Depois de muito ensaio e mais estúdio pra botar as novas guitarras nas músicas, lançamos uma fita cassete com 28 músicas e direito a encarte com todas as letras.

Mauk - Em 1993 recebemos uma proposta da Polvo Discos pra fazermos um cd. A idéia inicial era reeditar a fita para o novo formato, mas a gravadora por razões que só a física quântica poderia explicar, preferiu regravar todas as músicas (que tinham sido gravadas com toda a calma ao longo de 2 anos) em 2 semanas. O disco foi gravado em 1994 e lançado em 1995.

Edu - Não é preciso dizer que, de um modo geral, o resultado da fita nos agrada bem mais.


Mauk - E não temos só esse cd. Gravamos em 96 o “Cachaça Beat” e começamos um projeto chamado “Canções que a vitrola nos Ensinou” onde colocamos só covers. Em 2003 gravamos o “Meia Noite Insana”. Em 2004 o EP em espanhol “La puerta y el Látigo” além de umas compilações com gravações diferentes. Nesse ano que passou participamos do DVD do “RioBilly Festival”. No ano que começa vamos lançar umas coisinhas com o Sebo Baratos da Ribeiro.

C M - Como foi o contato com a galera do Paraná, onde a cena estava se desenvolvendo e formando um foco sólido de Psychobilly fora do eixo Rio - São Paulo?

Mauk - Foi muito legal ver mais pessoas curtindo. Nós tínhamos tido contato com o Fireball (Baratas Tontas) aqui no Rio antes de todo mundo e acho que a partir daí foi uma bola de neve. Em 1999 ele nos chamou para tocarmos no "Psycho Attack Over BH" e lá nós conhecemos a galera do Catalépticos e do Limbonautas. Tinha um mailing list da Carol também onde trocávamos idéias. O primeiro show em Curitiba não lembro quem nos chamou..hehehe... foi em março de 2000 e tocamos com a banda do Victor o Rockets que era de rockabilly. Depois o Vlad nos chamou pra tocarmos no Psychobilly Fest daquele mesmo ano.

Edu – Foi uma grande e boa surpresa. O festival já vinha rolando a algum tempo. Nós tínhamos ouvido falar muito bem através do Therêncio e do Luis Teddy, que tinha tocado com o Krentz numa das primeiras edições, mas nós não tínhamos muita noção de como estavam as coisas e foi muito bacana vermos pessoas de diferentes cidades reunidas e curtindo junto o som.
Psycho Carnival 2000

C M – E falem sobre a coletânea Dance with a chainsaw, com a música “Midnight Madness”, e de quem partiu o convite para a participação, e falem, de outras coletâneas que incluíram músicas de vocês?

Edu - Do Vlad, que estava organizando o bagulho. Além dessa coletânea participamos também de um tributo ao Meteors "Sympathy for the Devil" lançado na Inglaterra pela Racous Records com uma versão de “Bad Boy”, e a "High Voltage" que saiu na Alemanha com a música “When The Pussycat’s Gone”.


Mauk – Bem, tem também a participação na coletânea Argentina em tributo ao Misfits “Die Die My Cover “ onde tocamos “Horror Business”

C M - Sei que a banda deu uma parada e depois retornou as atividades, qual o motivo da parada e me falem das mudanças na formação.

Edu - Na verdade a gente vem tocando todos esses anos desde a primeiro show em 1987. Algumas épocas tocando bastante, noutras nem tanto. No Psycho Carnival de 2006 pensamos realmente em parar, mas em dezembro daquele mesmo ano já estávamos tocando de novo numa festa do Therêncio junto com os Pororocas (projeto dos caras dos Miquinhos). É mais forte que a gente. Enquanto estivermos nos divertindo vai valer a pena. E se ainda pinta uma galera curtindo também, nem se fala.

Mauk - Já tivemos várias formações. O Léo cantou até 1996. Quando ele saiu, eu e o Edu resolvemos assumir os vocais. Eu e ele estamos desde o início na guitarra e no baixo respectivamente.O Nelson entrou em 1992 pra fazer a segunda guitarra como já dissemos e saiu em 2001. Aí ficamos uns anos como trio até o Bjorn (que era da banda de surf-music ‘Go!’ e agora está no ‘Carbona’) entrar em julho de 2005. O Leandro, nosso atual guitarrista, entrou em 2008. Ele também toca com ‘Os Carburadores’, ‘Os Pazuzus’ e comigo nos ‘Cadillacs Malditos’.
O que mais mudou foi o baterista (oh raça!). O Nery tocou bateria de 86 até 1993 e foi substituído pelo Fábio, que é cunhado do Edu mantendo assim a tradição ‘família’ da banda. Ele ficou até 1996. Depois o Lourenço, que era o batera dos ‘Esquizóides’ e atualmente esta com o Marcelo D2, fez uns shows com a gente em 1997 e no final deste ano entrou o Robson que foi substituído em 3 shows, num pelo vocalista e guitarrista da ‘Pelvs’, o Gustavo e em outros dois (o PsychoCarnival de 2002 e um show com os ‘Backyard Babies’) pelo Nervoso (‘Nervoso & Os calmantes’, ‘Beach Lizard’s, ‘Autoramas’, ‘Matanza’, ‘Acabou la Tequila’). O atual baterista é o Fernando (ele também toca com o Edu no Canastra só que guitarra) que está conosco desde 2004... Se bem que o Robson substituiu ele outro dia...hahaha.

C M - Gostaria que me falassem sobre projetos paralelos e contem um pouco sobre eles.

Edu – Eu cheguei a tocar durante um tempo no “Kongo” banda de ska da década de 80 que era do Nelson (que tocava com a gente na época) e seus dois irmãos. Em 2004 montei o “Canastra” junto com o Renato e desde então temos tocado bastante por aí. Fizemos alguns projetos juntos também, eu e o Maurício.

Canastra

Mauk - Teve o "Ricardo e os caras que não têm amigos", projeto do já citado irmão do Nery nosso primeiro baterista que, aliás, estava nessa também. "Os Esquizóides" e o "Lunik 9". Todos esses nós tocamos juntos e tem alguma coisa gravada. Atualmente estou com o "Mauk e os Cadillacs Malditos".
Ricardo e os caras que não tem amigos

Edu - Quando comecei a estudar o baixo acústico numa escola de música aqui do Rio, minha professora era da Sinfônica Brasileira e só sabia tocar música clássica com arco e tal. Por conta disso meti as caras e começaram a pintar uns trabalhos. Tocava em casamentos, peças de teatro e o escambau e ainda dava aulas particulares. Nesse meio tempo ia correndo atrás das manhas de slap por minha conta. Quando vi estava com uma bolsa na Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem e dando aulas pra uns moleques numa orquestra infantil. Mas sabe como é nesses esquemas. Ás vezes rola grana, mas tem umas épocas que tu fica sem um puto, principalmente fim de ano. Então chegou um momento em que eu larguei o bagulho todo e fiquei só com a Bigtrep e o Canastra. Arrumei um emprego durante a semana e faço uns esquemas pra poder viajar com a galera pros shows.

C M - E quais as novidades que estão desenvolvendo e falem sobre o Riobilly, que trouxe uma galera nova a shows de Rockabilly e Psycho ai no rio.

Edu - estamos nos preparando para entrar novamente em estúdio e gravar. Temos um projeto de começar as comemorações de 25 anos (que vamos completar em 2011) ainda este ano com um cd de regravações de nossas velhas canções com atual formação.

Mauk - além disso, vamos fazer outro de inéditas também. Quanto ao Riobilly ele tem jogado uma luz nas bandas desses estilos como o surf-music, o rockabilly, psycho, etc... E chamado um público novo que andava trancado em casa, mas como já dissemos o Rio o pessoal é bem heterogêneo.

Em Buenos Aires

C M - Como vêem a cena psycho/rocka no Brasil hoje depois de tantos anos e gostaria que falassem alguma história interessante que aconteceu em tantos anos de estrada.

Mauk - Hoje a cena é muito melhor as bandas conseguem se conectar através da Internet, é muito mais fácil de se promover além de ser mais fácil de gravar. Temos festivais e casas noturnas melhor preparadas. Então basta você ter vontade e correr atrás pra se divertir muito mais. E o mundo está ao seu alcance... hehehe

Edu – os festivais foram essenciais porque deram uma visibilidade maior para esses estilos. Muita gente nova começou a curtir o som e, o que é mais bacana, muitas dessas pessoas acabam correndo atrás e montando suas próprias bandas.

Mauk – Bem, lembro da apresentação na Rádio Rio de Janeiro no programa E.P. Vanguarda era uma rádio espírita e como o programa era de manhã o Léo não pode ir e eu cantei, só que acordei com uma dor de garganta ferrada então foi meio desastroso, e o Nelson acabou atrasando. Nós tínhamos combinando de ir de carro com as apresentadoras por que a rádio era meio longe e o cara não apareceu. Quando chegou no ponto de encontro e não viu a gente pegou um ônibus e se virou pra achar a rádio. Na época não tinha essas facilidades de celular. Sabe como é. O programa já estava terminando quando ele chegou (participando de 1 música e meia senão me engano).

Festival Bananada/Goiania

Mas o fato engraçado foi que começávamos a tocar algumas músicas e o pessoal do programa fazia cara de desespero, pois não podia ter certas frases ou palavras tipo diabo etc... Porra, tava ficando difícil de arrumar músicas para tocarmos. hehe. Então começamos a tocar “Assassinei minha T.V.” e o operador de som da rádio se desesperou, passava a mão pelo pescoço como se estivesse cortando ele fora, ..hahaha.... Não bastasse isso, no final as meninas perguntaram se queríamos deixar algum recado e o Nelson (que tinha chegado atrasado e estava desavisado das intervenções) não pensou duas vezes e mandou “Somos todos heterossexuais”. As moças tomaram um baita susto e soltaram um sonoro Ooh!, certamente pensando que seria o último programa delas ali. E fomos cortados do ar. Essa gravação está no final da música “Sex Appeal” do “Rockabilly Voodoo” o CD e na nova versão do mesmo que tem o nome de “Balada Sangrenta”.

C M - Gostaria que falassem o que ouvem hoje em dia, inclusive falei com o Edu recentemente e ele me disse que o Bigtrep hoje tem uma proposta de viajar por vários estilos dentro do psycho nas mais diversas vertentes e fazer um som ainda com a cara do Grande Trepada.

Edu - Lá em casa o punk 77 certamente ainda predomina. Clash sempre.
Numa época em que era difícil conseguir qualquer tipo de informação, que dirá material, tinha-se que correr muito atrás. Hoje, sentado em casa em frente ao computador eu consigo mais informação (e material) do que eu conseguiria com alguns meses de trabalho árduo há 20 anos, atrás de um disco ou uma nova banda.

Mauk – Cara continuo ouvindo tudo o que sempre ouvi o velho e bom rock’n’roll, as bandas punks, o som de bandas novas. Gosto de tudo. Pra mim tem que agradar aos meus ouvidos. E a proposta com a Bigtrep é pegar tudo isso fazer o nosso som. Se você ouvir qualquer um de nossos cds você vai ver que não nos prendemos a copiar e sim a destilar nossas influências então você vai encontrar lá.. O Elvis, o Sonics, os Beatles, o Novas, AC/DC, o Clash, o Damned, o Smiths, o Jason & the Scorchers, o Smithereens, o pós-punk, o new wave, o Bruce Springsteen, um pouco de western swing, Howlin’ Wolf, Sam Cooke...

Edu – é aquele lance que a gente tava conversando. Na verdade isso nem é uma proposta atual nossa, é mais como eu vejo a Bigtrep. Não foi nada planejado, as coisas foram rolando desse jeito naturalmente. É como nós temos falado ao longo da entrevista. Nós curtimos vários sons, mas foi o psychobilly que nos empurrou pra fazermos nossa própria banda. Às vezes saia mais rockabilly, outras mais psychobilly, ou surf-music. Às vezes soava mais Batmobile, outras mais King Kurt, Stray Cats, Cramps ou Demented Are Go. Podia ser uma balada ou uma porrada. Sei lá, cada um escuta e encaixa nas suas próprias influências e vivências.
Pra nós foi natural escutar o rockabilly e o psychobilly com a mesma vontade e o mesmo gosto. E isso se reflete no nosso som. Isso é curioso por que muitas vezes coloca a gente numa espécie de limbo.
C M - Agora deixem um recado para os leitores do Stalker Shots, obrigado!

Mauk – Nós ainda iremos assombrar vocês enquanto estivermos vivos. E depois também. E não esqueçam: A GRANDE TREPADA você ainda vai ter uma...hahahahaa

my space do BigTrep /Grande Trepada


clique na imagem para ampliar

vídeos :










Canastra & B Negão

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sangue Marginal - documentário sobre cinema Z no brasil

Louvável a inicativa da cachorro filmes com os realizadores do cinema marginal e barato do Brasil.
Eles lançaram o documentário SANGUE MARGINAL e disponibilizou para download de graça e vc pode dar uma olhada na prévia aqui, e baixar para se deliciar com as histórias dos realizadores que mais dão sangue (literalmente) pela produção nacional independente, com José Mojica, Petter baiestorf, Gurcius Gewdner, e mais uma galera divirtam-se


SANGUE MARGINAL um documentário de Marco Antonio Vaz e B.R.Simonetti (em fase de produção)
conta com a participação de grandes personagens do cinema e vídeo underground de horror no Brasil.

para assistir o doc completo acesse: http://www.megaupload.com/?d=9K7DEDPA

Música : Like a texas Murder

Quando a paixão por cinema se transforma no ato de produzir suas próprias histórias em vídeo ou pelicula.

um dos primeiros se não o primeiro trabalho sério da cachorro filmes

quinta-feira, 25 de março de 2010

Jim Marshall morre nos EUA

Fotógrafo de bandas Jim Marshall morre nos EUA aos 74 anos

O fotógrafo de música Jim Marshall, que passou mais de 50 anos capturando imagens de lendas do rock como Beatles, Bob Dylan e Janis Joplin, morreu em Nova York aos 74 anos.

A informação foi confirmada ontem por Aaron Zych, diretor de uma galeria que sediou uma das últimas mostras com fotos de Marshall.


Scott Sommerdorf/AP
O fotógrafo de bandas Jim Marshall morreu ontem, em Nova York, aos 74 anos
O fotógrafo de bandas Jim Marshall morreu ontem, em Nova York, aos 74 anos

O fotógrafo era aguardado ontem à noite em um evento para promover seu novo livro, em parceria com Timothy White. Ele aparentemente morreu sozinho, enquanto dormia no seu quarto de hotel em Nova York, disse Zych.

"O trabalho de Jim é lendário", afirmou o empresário. "No que diz respeito a fotografias de música, ele é o padrinho [do gênero]."

A causa da morte ainda não é conhecida.

De acordo com seu site oficial, Marshall assinou as fotos de mais de 500 capas de disco. Ele ficou bastante conhecido pelas imagens feitas de Jimi Hendrix no Monterey Pop Festival, em 1967, e em Woodstock, em 1969, onde foi o fotógrafo oficial do The Who.

Marshall também foi o único fotógrafo que teve acesso aos bastidores do que acabou sendo o último show dos Beatles, em San Francisco, em 1966.




Johnny Cash em foto de 1969, feita por Jim Marshall; fotógrafo morreu ontem em Nova York
Johnny Cash em foto de 1969, feita por Jim Marshall; fotógrafo morreu ontem em Nova York

Outras fotos famosas de sua autoria retratam Bob Dylan, The Grateful Dead, Janis Joplin e os Rolling Stones. Seus trabalhos mais recentes foram com Ben Harper e Red Hot Chili Peppers.

"Essa carreira nunca foi apenas um trabalho, é a minha vida", escreveu Marshall em seu site.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Pulo - Ou como se matar de forma decente

O que se passa na cabeça de uma pessoa quando está prestes a morrer?

Alguns dizem que você vê toda sua vida em um flash, tudo se passa diante de seus olhos como um filme. Será que nesse momento você chegaria à conclusão que sua vida não valeu nada?

Esses foram os pensamentos que passaram pela cabeça de Will quando ele estava no parapeito de sua janela no vigésimo quinto andar. Ele tinha chegado a essa conclusão extrema de se matar depois de fazer uma minuciosa avaliação de sua vida mais ou menos que tinha levado até então.

Will como todo cara que realmente quer tirar a vida o fez, ou almejava fazer sem alarde, sem bilhete de despedida, sem dar maiores satisfações, afinal, para que dar satisfações de sua morte se nunca às deu para sua vida?

Ele tinha raiva absoluta daqueles suicidas que eram incompetentes, que tentavam passar dessa para melhor e não conseguiam atingir seu intento, odiava ver nos noticiários os caras que sobem em torres de energia,e os que ficam em pontes e ficam gritando, atrapalhando a vida das pessoas, causando blackouts e paralisações de trânsito, tudo para chamar atenção, mobilizar bombeiros e imprensa, menos se matar, ou pior ainda aqueles que cortam os pulsos com pequenas escoriações que nem sangram direito para a família ficar preocupada; e tinham aqueles que tomavam uma cartela de soníferos, que o máximo que queriam era uma lavagem estomâco –retal .

Os considerava todos seres deploráveis, sem força de vontade, reprimidos e carentes querendo atenção.

Sua concepção de suicídio era bem mais elaborada, tinha que ser algo rápido e higiênico na medida do possível, se jogar na frente de um trem ou um caminhão, algo grande que não o deixasse paraplégico, teria horror de ser o fardo de alguém ou de si mesmo, queria um fim rápido, mas se optasse por isso, ficava pensando no motorista ou maquinista que teria em sua vida o trauma de tê-lo matado, e isso ele não queria, afinal era suicida, mas ainda tinha uma ética que todo suicida deveria ter. Tomar veneno nem passou por sua cabeça, odiava o gosto amargo da maioria deles, se fosse pra morrer não seria com um gosto ruim na boca e nem com espasmos, vômitos e quaisquer líquidos a que venha expelir, espalhando sujeira para todos os lados dentro do apartamento, não queria incomodar ninguém; sufocação por fumaça fora de cogitação, não tinha carro e não iria roubar um só para desvalorizar o veiculo e ainda por cima ter fama de bandido quando morresse, não tava afim também de ligar mangueiras em escapamento e colocar a outra ponta dentro do carro fechado, arde os olhos e deve ser uma merda estar morrendo no meio de fumaça.

Se afogar também não, muito molhado e demorado,sofrimento desnecessário. Enforcado era capaz de acharem que era coisa auto erótica, que estava na moda, longe dele essas perversões. Poucas opções para quem quer se matar com dignidade. Ele não tinha um revólver, muita burocracia para conseguir comprar e tinha muito medo de tiros.Já tinha pegado uma faca para cortar os pulsos da forma certa, profundamente em posição horizontal no pulso, até acertar as artérias, esperar o sangue vermelho vivo arterial jorrar como chafariz dos cortes, mas é sujeira demais e além de demorar ele tinha horror a facas e coisas que cortam, doía muito, ele era um cagão, um covarde em sentir dor, não queria isso,

Depois de muito pensar, ele resolveu ir para o parapeito, 25 andares é uma altura respeitável, a sensação é atordoante, imaginar seu corpo batendo nas beiradas do prédio, ou nos fios de alta tensão próximos a rua, mas se tiver uma boa mira e ir como um foguete de ponta ele pode ir direto para o asfalto, cair de cabeça e buuummm... O crânio bate no cimento e ele terá uma morte instantânea, indolor, e fatal, sem possibilidade de erros; fará sujeira, mas assim que recolherem seu corpo é só jogar uma água e a vida dos outros segue em frente, as ruas não guardam mágoas. E por falar nas ruas, agora pensando nisso, imagine quantas histórias passaram por essas calçadas, quantos choros, mortes, separações, noites agitadas e violentas, quanto sangue já manchou o concreto, deve ter corrido muito sangue ai, ele faria parte dessa história, deixaria uma marca, mesmo que apenas um salpicado, afinal o que seriam só mais algumas gotas nesse oceano de concreto?

Will depois de muitas meditações filosóficas de como se matar agora pensava nos efeitos de sua atitude, e se ele atingisse alguém na queda, alguém que não merecesse, um transeunte que estaria passando por ali de madrugada ou levando o cachorro para passear... E se ele matasse também o cachorro? Ele nunca se perdoaria no além morte se existisse um além morte... Estava frio e ventando, será que isso atrapalharia o percurso de sua queda? E se ele caísse em um toldo como já tinha visto em um vídeo e sofresse só alguns ferimentos? Ele seria aquilo que mais odiava um suicida incompetente... Ou se morresse de forma ridícula quando caísse? Qual seria a dignidade do ato? Se ele fosso indicado para o Darwin Awards... Parecia uma grande besteira, mas tudo isso passava pela cabeça conturbada, ele queria se matar, mas queria decência, ele não estava preocupado com os julgamentos, com sua família, com a Leninha, que ele tinha deixado a pouco tempo, ele se preocupava mais com seu peixe dourado,Herbert, animal típico de suicidas, que ele já o tinha superalimentado para caso de demorarem resgatá-lo.

Ele ainda estava indeciso, sua sorte é que era muito tarde e ninguém ficava reparando no alto dos edifícios, tudo que ele não queria, além das dúvidas, era uma aglomeração e ibope para sua morte. Ele já tinha pensado e repensado isso tudo, estava tudo resolvido, mas nos últimos momentos as coisas mudam, novas questões vem à mente, mais coisas entram em jogo, será que os incompetentes também tem esses lampejos? Seria ele um dos incompetentes? Ainda bem que se fosse, seria só ele e ele mesmo.

Ia desistir por hoje, tinha chegado muito perto, mas precisava reavaliar as coisas para tentar de novo amanhã, ver a rua, o local as possibilidades de acontecer algo fora de seu controle, talvez mandar o Herbert,seu peixe, para alguém antes de se matar e assegurar a vida dele.

E enquanto pensava nisso, virou-se para entrar de volta ao seu apartamento, e um golpe do destino o fez escorregar, sem premeditação, sem vôo rasante de cabeça, caiu como um boneco desajeitado, sem poesia, nem graça no seu planar patético, o corpo caia como uma massa desajeitada, Herbert teria de se virar sozinho... Dentro da cabeça de Will, não passava mais nenhum pensamento sobre a moral e a ética do suicidas, nos olhos arregalados dele passava a vida em um flash, uma vida ridícula e tão mais ou menos que foi o mesmo que um grande branco, um grande nada, ou melhor, um pequeno nada; e entre o balé cômico da queda, o corpo se aproximava do chão, nenhum toldo, nenhum fio de alta tensão, nada segurou seu crânio quando bateu com um som oco na calçada, seu sangue agora escrevia uma pequena linha na história daquela rua, e toda ética e a morte decente de Will escorria pelo meio fio e caia no esgoto, se juntando a todo lixo da cidade, ele não era um dos incompetentes...

escrito por cleiner micceno

uso somente com autorização do autor

terça-feira, 23 de março de 2010

Mostra Akira Kurosawa

Mostra em São Paulo faz homenagem aos 100 anos do nascimento de Akira Kurosawa

  • Divulgação

    Cena do filme "Rashomon", do cineasta japonês Akira Kurosawa

Para comemorar os 100 anos do nascimento do cineasta japonês Akira Kurosawa, a Cinemateca Brasileira recebe no mês de março uma mostra composta por seis longas-metragens, entre eles “Madadayo”, o último da carreira do diretor.

Nascido em 23 de março de 1910, em Tóquio, Kurosawa iniciou a carreira no cinema na década de 30, como assistente de direção. Em 1943, estreou como diretor com o filme “A saga do judô”. Com “Rashomon”, Kurosawa tornou-se conhecido mundialmente e recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1951.

A programação do evento conta com “Juventude sem arrependimento”, um drama que se passa durante a invasão da Manchúria, na China, pelo exército japonês; “A luta solitária”, com o consagrado ator Toshiro Mifune no papel principal; “Kagemusha – A sombra do samurai”, filme vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1981; e “Ran”, baseado na tragédia de Shakespeare, “Rei Lear”.

A mostra também conta com o longa “Dora-heita”, dirigido por Kon Ichikawa, com roteiro de Akira Kurosawa, realizado após a morte do consagrado cineasta em 1998. Para a programação completa, acesse o site oficial.



CINEMATECA BRASILEIR
A
Onde: Largo Senador Raul Cardoso, 207 - próximo ao Metrô Vila Mariana. São Paulo.
Quando: de 23 a 28 de março
Quanto: grátis

segunda-feira, 22 de março de 2010

clipe da banda lipstick explicit dirigido por mim




Clipe dirigido por Cleiner Micceno:
cleiner.mambo@gmail.com

Banda Lipstick Explicit:
www.myspace.com/lipstickglamrock

Contatos:
lipstick_glamrock@hotmail.com
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Música - Macabro Ritual
(letra e música - Crÿs Wild)
por Lipstick Records

Lipstick Explicit :
Phill Lipz - vocal
Vince Karter - guitarra
Will Lipz - bateria
Crÿs Wild - baixo

Direção:
Cleiner Micceno

Produção :
Mambo pro & Lipstick Inc

Elenco:
Ana de Mari

Apoio :
Janaína Almagro
Ana Lee de Mari

a música faz parte do cd Macabro Ritual

quarta-feira, 17 de março de 2010

sláinte - st patricks day




































Festival de documentários musicais In-Edit

Festival de documentários musicais, In-Edit destaca bandas brasileiras em sua seleção

ALYSSON OLIVEIRA
Especial para o UOL, do Cineweb
  • Divulgação

    ''Dzi Croquettes'' mostra a trajetória do irreverente grupo de dança carioca

Depois do sucesso da primeira edição, no ano passado, começa em São Paulo, na próxima quinta (18), o In-Edit Brasil 2010 – 2º Festival Internacional do Documentário Musical que contará com uma programação de mais de 70 filmes nacionais e estrangeiros, a maioria deles inéditos no país, tendo em comum a temática musical.

Algumas das sessões são gratuitas. Em outras, o preço do ingresso varia entre R$ 0,50 e R$ 12. O In-Edit em São Paulo vai até 28 de março e terá programação nas salas do MIS, Cine Olido, CineSesc, Belas Artes, Matilha Cultural, Auditório Ibirapuera e Instituto Cervantes. O evento apresentará 40 títulos nacionais, entre longas, médias e curtas. Entre 2 e 8 de abril, parte da seleção do festival será exibida no Rio de Janeiro.

Marcelo Aliche, diretor e curador do festival, acredita que o documentário sobre música e músicos é um gênero em ascensão, especialmente no Brasil. Como prova disso, ele destaca a boa safra produzida em 2009, que inclui filmes como “Lóki – Arnaldo Baptista”, “Simonal – Ninguém sabe o duro que dei”, “Herbert de Perto” e “Jards Macalé – Um morcego na porta principal”. “Acredito que a indústria fonográfica irá, aos poucos, entender como esse gênero de documentário pode alavancar a vendagem de discos, ainda mais numa época em que se discute tanto os direitos autorais das músicas”, disse Aliche ao UOL Cinema.

  • Divulgação

    Documentário sobre a banda de metal canadense Anvil faz parte da programação do Festival In-Edit

  • Divulgação

    ''Soundtrack for a Revolution'' fala sobre música e o movimento negro

Aliche explica que a música brasileira é conhecida e apreciada no mundo todo, por isso, esses documentários também podem encontrar espaço para exibição fora do país. “Moro em Barcelona, e ‘Maria Bethania – Música é perfume’ ficou bastante tempo em cartaz numa sala da cidade. Sempre tinha público, não apenas de brasileiros”.

A seleção do In-Edit de 2010 tem tudo para repetir o feito do primeiro festival e impulsionar o lançamento de vários documentário. Entre os brasileiros selecionados em 2010 estão “Madonas para sempre – O Doc”, de Claudio Kahns, que será exibido na abertura, além de filmes como “Fita Mixada Rotação 33: DJ KL Jay, sobre rap, “L.A.P.A.”, que aborda o hip hop no Rio de Janeiro, e “Tom Zé – Astronauta Libertado”, que acompanha o músico brasileiro em oficinas que ele ministrou na Espanha, além de destacar o processo criativo ao longo da carreira do músico.

Além de “Mamonas para sempre – O Doc”, a competição nacional traz outros cinco longas: “Beyond Ipanema”, de Guto Barra, sobre como a música brasileira é vista no exterior; o grupo carioca de dança de vanguarda Dzi Croquetes é tema de um documentário homônimo, dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez; “Meu amigo Claudia”, de Dácio Pinheiro, aborda a trajetória do travesti Claudia Wonder, que se tornou um ícone cultural e político; “Bezerra da Silva – Onde a coruja dorme”, de Márcia Derraik e Simplício Neto, investiga a vida e obra do músico que foi um dos responsáveis pela chamada “explosão do pagode”, na década de 1980; e “Seu Jorge – América Brasil, o documentário”, de Pedro Jorge e Mariana Jorge, acompanha a turnê do músico brasileiro cruzando o Brasil.

Outras seções do In-Edit trazem longas e curtas brasileiros – muitos deles inéditos – que abordam a produção musical do país. Um dos destaques do festival é o Brasil.doc, que além de exibir sete filmes será complementado por shows ou debates com diretores e músicos. Essas sessões serão gratuitas e acontecerão no Matilha Cultural (Rua Rego Freitas, 542 - Telefone: 11-3256-2636).

O Panorama Mundial apresentará 18 filmes de 7 países, que oferecem um painel da música contemporânea ao redor do mundo. Um dos destaques é “Heavy Metal in Baghdad”, sobre a única banda de rock pesado do Iraque, chamada Acrassicauda. O americano “Woodstock – Now and then”, de Barbara Kopple, retrata o famoso festival – que completou 40 anos em 2009 – por um outro prisma, os acidentes e imprevistos dos bastidores. Já “Shadowplay: The making of Anton Corbijn” investiga a vida e obra do fotógrafo e cineasta – que assinou em 2007 o longa “Control”, sobre o músico Ian Curtis, do Joy Division – e que já trabalhou com artistas como U2, Miles Davis e REM.

O diretor espanhol José Sánchez-Montes é o homenageado do 2º In-Edit Brasil, que apresentará três longas de sua filmografia. Um dos destaques do festival é “Tiempo de Leyenda”, que o cineasta fez no ano passado sobre Camarón de la Isla, uma das vozes mais importantes do flamenco. “Camarón representa para o ritmo o que os Beatles são para o rock”, compara Aliche para explicar a importância do músico.

De Sánchez-Montes o festival também apresenta “Bola de Nieve”, sobre o pianista e canto afrocubano que se tornou um dos mitos da música do século 20; e “Enrique Morente Sueña la Alhambra”, que apresenta uma viagem guiada pela música flamenca de Sueña.

Para mais informações sobre os filmes, eventos e a programação completa, acesse http://in-edit-brasil.com/2010/

quarta-feira, 10 de março de 2010

john cassavetes & beat generation


Beat generation e o free jazz encontraram no ator e diretor John Cassavetes (1929-1989) espírito vanguardista,é o pai dos cineastas independentes

Os EUA da beat generation e do free jazz encontraram na figura do ator e diretor John Cassavetes (1929-1989) seu melhor intérprete. Graças a esse espírito vanguardista, Cassavetes, o pai dos cineastas independentes, provocou uma mudança de rota tão brutal no cinema americano que Hollywood não conseguiu ignorar o realizador, homenageado pelo selo Cinemax (Continental) com duas caixas de DVDs que trazem cinco de suas principais obras. Na primeira estão seu filme de estreia, "Sombras" (1959), "Faces" (1968) e "A Morte de Um Bookmaker Chinês" (1976). A segunda caixa reúne "Uma Mulher Sob Influência" (1974) e "Noite de Estreia" (1976). São os mesmos títulos restaurados e lançados pela Criterion americana.
Visionário, Cassavetes assumiu a tarefa de documentar (em 16 milímetros, preto e branco e um orçamento liliputiano de US$ 40 mil) a emergência de uma nova América nos anos 1950. Há meio século ele ousou filmar relações inter-raciais quando o assunto era tabu nos EUA, tendo como pano de fundo a cena jazzística em Manhattan e a desesperança da geração beat, cujos representantes são reduzidos a aparições em Sombras. Nele, três irmãos afro-americanos lutam para realizar projetos pessoais que parecem fadados ao fracasso.

Em "Faces", Cassavetes não se mostra menos pessimista. Seu comentário sobre a demolição do sonho americano tem algo a ver com o oclusivo universo matrimonial retratado pelo sueco Bergman Aqui, ele fala da falência de um casamento de 14 anos num país que mergulhava numa guerra suja (a do Vietnã) e testemunhava o advento da filosofia hippie. A desintegração do casal é retratada de maneira crua em close-ups e preto e branco, no melhor estilo do cinéma verité. Completa a primeira caixa o terceiro título, "A Morte de Um Bookmaker Chinês", noir fragmentado sobre o proprietário de um clube noturno forçado a cometer um crime.

A segunda caixa traz como protagonista a mulher do diretor, Gena Rowlands, em duas obras-primas de Cassavetes. Em "Uma Mulher Sob Influência", ela interpreta uma dona de casa de classe média baixa. Já em "Noite de Estreia", Gena é promovida à condição de diva do teatro. Em ambos os casos, porém, as duas mulheres estão à beira de um ataque de nervos. No primeiro, o marido de Mabel, mãe de três filhos, tenta lidar com a instabilidade mental da esposa. No segundo, "Noite de Estreia", são os companheiros de teatro de uma prima-dona que tentam contornar as excentricidades da atriz em sua luta inglória contra a velhice. Dois exemplos da sensibilidade de um autor independente e acima da média.

domingo, 7 de março de 2010

Matéria sobre vampiros que participei

me ligaram um dia,
- Você pode falar sobre vampiros em uma matéria que estamos fazendo?
Precisavam de alguem que fale sobre os filmes e sobre vampiros no cinema, por causa dessa onda do crepusculo, lua nova essas coisas deploraveis que fizeram por ai.
Falei que sim, tudo bem , mas q não ia falar de crepusculo que se falasse seria bem mal, e eles aceitaram.
marcamos o local, e la fui eu falar de vampiros acho que citei uns trinta filmes, mas entraram na materia uns sete oito, mas ficou legal até , mas minha parte sobre o crepusculo foi-se pro beleléu, acho que eles não queriam polêmica, só porque falei que crepusculo era um filme de vampiro pra quem não gostava de vampiro. ahhaaha
mas ai vai o video

Zé do Caixão estará de volta às telonas em 2011

O ator e diretor de cinema José Mojica Marins, popularmente conhecido pelo seu personagem Zé do Caixão, voltará aos cinemas em 2011. Após produzir e interpretar em Encarnação do Demônio em 2008, o personagem estará em um filme baseado na história do Corpo Seco, lenda da cidade mineira de Pouso Alegre.

O mito teria acontecido no começo do século 10, no sul de Minas, onde um homem muito ruim, que vivia em um casarão com a família, teria ficado doente com o passar dos anos e definhou até a morte em um dos quartos da casa. Depois de sua morte, muitos moradores da cidade acreditam que o corpo do homem sempre aparece em cima de sua cova, em pele e osso. O casarão onde ele vivia existe até hoje, e também há seus tataranetos que ainda vivem por lá.

“A ideia é contar a história do Corpo Seco, um ser do mal, que se transformará em um estuprador e fará várias vítimas, até ser derrotado pelo Zé do Caixão”, disse o cineasta ao site mineiro Uai.

A história do Corpo Seco ganhou espaço na literatura pelas mãos da escritora Mariângela Padilha. Ela escreveu o livro A Lenda do Corpo Seco, que foi lançado na internet em 2009 e serviu de base para o roteiro do longa-metragem, que está em fase final.

A produção inicia-se em setembro, na cidade de Pouso Alegre, em Minas.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cuba - Um Conto Alcoólico

Por Cleiner Micceno

Cuba

Sara era uma linda mulher, loura de um metro e setenta de puro charme em cima de seus saltos Prada, tinha completado quarenta e dois em outubro, mas seu corpo deslumbrante parecia não querer passar dos 32. Ela era uma advogada de sucesso, tinha tudo na vida, ou melhor, quase tudo; seu marido Capistrano não era algo que se pudesse chamar de uma pessoa ocupada e confiável, bêbado inveterado era uma mancha na vida perfeita dela.

Naquela noite ela chega em casa e vê vários amigos vagabundos de Capistrano sentados em sua sala, derrubando bebida e cinzas de cigarro pela sala da casa comprada a muito custo com seu salário. Isso não seria problema se a cena não fosse uma repetição quase diária, vários sanguessugas espalhados pela sala com os pés sobre a mobília, som alto, gente bêbada inclusive ele próprio, ela já agüentava isso há pelo menos quinze anos, quinze longos anos e toda noite ela se perguntava por quê?

Quando ela conheceu Capistrano, ou melhor, Joey Road, que era o nome que ele era conhecido em sua banda de blues, Crossroads, naquela época era diferente, ela e ele eram diferentes, ele tocava guitarra, tinha longos cabelos pretos e um olhar que a fulminou no primeiro instante. Naquele dia ele ofereceu uma música e um solo de guitarra para ela, que se sentiu nas nuvens. Logo depois no camarim ela conheceu Joey Road, que demorou para dizer seu nome verdadeiro CAPISTRANO, que rendeu varias gargalhadas da parte de Sara, o grande guitarrista tinha um nome de algum avô quadrado e cafona. Mas mesmo assim foi amor a primeira vista, eles começaram a se ver, saiam quase todos os dias, ela uma filhinha de mamãe tinha encontrado seu bad boy, o musico romântico que capturou o coração da linda menina rica. Nessa época era tudo lindo, ela adorava os amigos músicos dele, até fumou maconha para se enturmar, parecia tudo um sonho.

Eles se casaram ao som de um disco de Robert Johnson, o velho negro que tinha vendido sua alma em uma encruzilhada, tocando com seus dedos endiabrados abençoando o jovem casal. Foram para uma lua de mel na garupa de uma moto que ele tinha na época.

Depois de um ano juntos ela começou a faculdade de direito, tinha que se encaminhar já estava passando da idade, e Capistrano ainda continuava com sua guitarra, mas sem o mesmo brilho, afinal a realidade é bem mais cinza quando acaba o conto de fadas.

Ele começou a beber pesado depois que um de seus amigos mais próximos morreu de cirrose acabando então com o Crossroads. Capistrano que nunca tinha trabalhado e não tinha renda fixa não ganhava quase nada, estavam vivendo da mesada que Sara ainda recebia, afinal sua mãe achava o cúmulo sua linda boneca ter saído de casa para ficar com um cão de rua como Capistrano. Mas para Sara era apenas um sonho que se tornava realidade, ela ainda o amava muito para achar qualquer coisa errada.

Cinco anos depois quando, ela acabou a faculdade, Capistrano trabalhava as vezes como músico de estúdio, ganhava uma merreca mas ajudava em casa, até perder várias sessões por bebedeira. Ela começou a advogar ainda naquele ano, começou a se dar bem na carreira, ganhar mais dinheiro e tira-los do aperto.

Capistrano bebia cada vez mais, e começou a se embrenhar na boemia paulistana enquanto ela trabalhava sem parar. Depois de nove anos juntos ela conseguiu comprar um apartamento grande nos jardins, um motivo a mais para ele começar a dar festas regadas a bebida e pessoas de índole duvidosa, ele era uma verdadeira mosca de bar, cada vez mais envelhecido pela bebida e a vida desregrada.

Sara no começo não dizia nada, ela até gostava às vezes de ter um pouco de diversão e viu aquilo apenas como uma fase de Capistrano como tantas outras, ele teria que crescer um dia.

Mas com o passar dos anos, com seu trabalho aumentando e a idade chegando, já não era mais uma menininha, não agüentava mais as festas, os vagabundos, as destruições e roubos que ocorriam em sua casa e Capistrano um grande idiota, já não era mais aquele rebelde de sua época, tinha envelhecido, estava gordo e careca no topo da cabeça, seus cabelos longos ainda persistiam, mas apenas nas bordas de seu crânio, sua barba abundante agora dava lugar a apenas um bigode de velho e um par de óculos de aro de tartaruga, estava parecendo mais um aposentado que um músico rebelde.

E naquela noite, depois de um dia longo ela chega em casa, se depara com todas aquelas pessoas que ela não conhecia que Capistrano ia pegando pelos bares, inclusive várias mulheres vulgares e uma delas aninhando a cabeça de seu marido em seu colo; isso foi demais, ela desligou com violência o som, mandou todos saírem, gritando como uma alucinada pôs porta a fora a menina que afagava seu marido. Depois de todos terem sido enxotados Capistrano levanta a cabeça e pergunta :

- O que houve amor? Por quê tanta chateação?

Sara responde tentando se controlar:

- Eu não agüento mais isso, não agüento mais ter de trabalhar 12 horas seguidas para chegar em casa e você dando festinhas para um monte de parasitas, como você não nota que eles usam sua boa vontade e acabam com sua casa? Como você pode ser tão irresponsável, você não tem mais vinte anos... Capistrano você tem que arrumar um emprego, estou cansada de cuidar de tudo, resolver tudo, você fica ai parado esperando seu grande dia, sua grande chance... Você esta acabado, imprestável... Cansei disso tudo, VOCÊ terá de escolher... Mudar de vida, acabar com suas festas e bebedeiras ou... Ficar comigo...

Capistrano a olhava tacitamente como se não acreditasse que estava sendo colocado na parede por aquela que foi sua companheira por tantos anos, os olhos verdes dela o fitavam de forma fixa e profunda. Não conseguiu responder nada apenas acendeu um cigarro e se deitou no sofá.

Sara saiu para o quarto pegou uma mala encheu com varias roupas, seus pares de sapatos em outra mala menor, pegou tudo saiu quarto a fora e olhando para Capistrano falou com uma voz decidida:

- Estou saindo Capistrano, estou indo embora, você só vai me ver de novo quando vir por a casa a venda e pegar o resto de minhas coisas... - Ela estava esperando uma reação dele, qualquer uma, que ele tomasse uma atitude, um grito, choro, mesmo que a agredisse, qualquer coisa ela estaria feliz, pois assim demonstraria que ele se importava com algo e com isso ela mudaria de idéia e ficaria a seu lado, mas ele apenas olhou de lado sem se levantar do sofá e disse com uma voz calma e doce:

- Sara, antes de sair... Por favor, me prepara uma cuba?


Um conto de Cleiner Micceno