terça-feira, 17 de novembro de 2009

psycho therapy - uma entrevista com os Skizoyds

E la se vão quase 20 anos, billy grilo e todos os Skizoyds são pessoas difíceis de se encontrar hoje em dia, abraçaram o psychobilly como estilo de vida, e estão até hoje indiferentes às modas e as mudanças que acontecem nos cenários musicais, sempre fiéis as suas raízes, eu os considero irmãos há muitos anos, desde que nos conhecemos no longínquo ano de 1993, sempre os vi como pessoas as quais deveriam ser exemplos a serem seguidos, em humildade e camaradagem.

Mesmo nas adversidades, em uma cidade Santa Isabel que eles chamam de Elo Perdido, onde vivem à margem da capital de São Paulo e também à margem do mainstream e da sociedade, são delinqüentes por definição, delinqüentes culturais, que se esforçam para trazer algo mais, desprezando a mesmice musical que aportou nas terras tupiniquins e não tem nenhuma perspectiva de ir embora, o seu novo trabalho TREPANAÇÃO, chega depois de oito anos de espera, mas veio na hora certa, desde a época dos MONGOLORDS e suas musicas instigantes, desde o agito causado para manter a cena viva no Brasil, em épocas que ninguém sabia o que era Psychobilly, os integrantes estão aqui, e agora com novas aquisições para enriquecer o trabalho, e continuam espalhando a insanidade do verdadeiro rock´n´roll sem frescura e sem melodias chorosas, a crueza e urgência que fazem uma banda ser necessária estão presentes nesses quase 20 anos, sem envelhecer, parecendo tão jovem quanto nos 16 anos atrás quando os conheci, todos ainda semi adolescentes mas com uma necessidade de trazer a raiva do rock´n´roll contra o tédio reinante.

Boa leitura



Cleiner Micceno - Gostaria que você falasse sobre o começo, como se conheceram e as bandas que tocavam antes dos mongolords, e como era a cena em Sta Isabel, o Elo Perdido?


Billy Grilo – O Alemão era meu vizinho, mas eu não trocava muita idéia porque era um Metal piolhento, o Morto era punk e vivia arrumando treta, o Luís ainda não era maloqueiro e eu tocava numa banda chamada Marmita Nuclear, que não passou de alguns ensaios pois era uma desgraça! ehehehehe. Em meados de 1986, uns camaradas de uma geração anterior à nossa organizaram um Festival que contou com o Sepultura e mais um monte de bandas, o João Gordo do RxDxPx apareceu por lá, foi o começo do Crossover e a partir daí resolvemos unir nossas forças para formar o Mongolords...


mongolords & planet hemp



CM - Quais eram as influências da banda nessa época e como veio o nome mongolords?


BG - As influências eram todo tipo de “lixo cultural” que devorávamos; HQs, filmes de terror, Cramps, Ramones, Iggy & Stooges, Motorhead, Kães Vadius, etc... O nome da banda surgiu de uma idéia coletiva, tinha a ver com o espírito sarcástico da banda.




CM - Como era o lance com as outras bandas de Sampa, havia contato e camaradagem? Aproveite e conte alguma história marcante dessa época com os mongolords.


BG - Nessa época o que rolava era o amadorismo e o que predominava era a “brodagem” entre as bandas. Fatos marcantes tiveram vários, dentre eles podemos citar quando fomos tocar numa cidade vizinha com um ônibus cedido pela Prefeitura, que foi entupido de toda a escória da cidade, a galera aterrorizou tanto que tivemos que sair da cidadezinha escoltados pela policia! (Risos)



CM - fale sobre os cotonetes na revista rock brigade da primeira demo?


BG - Esse lance foi engraçado, tínhamos mandado a demo de divulgação para a revista, um dos editores curtiu, e outro que era mais pra linha do Metal Melódico detonou o Morto, que teve a idéia da anti propaganda, enviando os cotonetes para a redação da revista, o que acabou rendendo uma matéria.

( Para quem não conhece a história, os mongolords indignados mandaram uma carta com vários cotonetes para a redação com um bilhete lacônico, onde dizia para eles limparem os ouvidos,) NdE


CM- Me fale do vinilzinho Sueños Terribles.

BG- Meu camarada, só nesse Ep ja dá uma puta história...mas o que vale ser ressaltado é que pegavamos o trem na luz e íamos p/ Sanca City p/ fazer contatos com a galera Psycho do ABC, lá frequentavamos a galeria que tinha a Rick n Roll....conhecemos o Fedo, o Marcio do New City Rockers, Douglinhas, Ricardinho etc)...A capinha foi desenhada pelo Fraile, também conhecido por HulkaBilly, que posteriormente fez toda a arte gráfica do Psychorrendo e do Assim Caminha a Insanidade....o Ep foi gravado num estúdio de 8 canais, que ficava no fundo de uma casa no bairro de Pinheiros.....vixxxx fica passando um filme classe z dessa nostalgia toda....foda.....até o Mortão já ficou baqueado....ehehehe



CM - E o caixão & cachaça, que inclusive é um dos shows com o joe coyote que eu mais gostei de tocar, exatamente pela singularidade do local ! (risos)


BG - Todos os locais que podíamos tocar tinham fechado as portas para nós, devido as constantes confusões, banda e público na verdade não passavam de um bando de delinqüentes, para as pessoas de bem da sociedade do Elo Perdido (risos)... A dona da casa funerária, que também tinha um bar ao lado, estava passando por dificuldades financeiras, daí unimos a sede com a vontade de beber e surgiu o festival “Caixão & Cachaça”, evento que contou com 2 edições e foi histórico para quem fez parte, tenho certeza que o Joe Coyote tem histórias marcantes para contar, por ter sido uma das bandas protagonistas desse grande evento (risos), lembro do guitarrista de vocês trocando idéia com um senhorzinho de topete engomado que estava curtindo tudo, encostado em um canto da funerária, daí eu só vi ele se despedindo dizendo: - Se precisar pode contar comigo, estarei aí fora esperando, e acabou fornecendo um cartão onde estava escrito seu nome e a profissão embaixo – “COVEIRO” (gargalhadas)! O VERDADEIRO ZELADOR DA CRIPTA DO TERROR!!!!

CM – Me lembro bem disso, e lembro que nesse dia ainda levamos você para dar um rolê de caixão, falando –eu sou o bela lugosi (risos) e mais de uma coisa bizarra aconteceu nesse dia, a policia colou do lado de fora e começou a descer a lenha na galera, e o Morto veio correndo para dentro gritando - Entrem atrás do palco e fiquem la, que o bicho ta pegando la fora! Sei que saímos ilesos, mas foi por pouco.(risos)

(joe coyote, foi a minha primeira banda de psychobilly, formada em 1992, e os MONGOLORDS eram nossa banda irmã por assim dizer, na cronologia psychobillistica do Brasil, o joe coyote e os Mongolords, fazemos parte da segunda geração do estilo no Brasil, entrarei em maiores detalhes futuramente em uma edição apenas com essa cronologia) NdE

psychorrendo

CM - Fale sobre as demos e depois a coletânea psychorrendo, que é um marco do psychobilly nacional. se não me engano a primeira coletânea em cd do estilo lançado no Brasil.


BG -Nós lançamos 3 demos, a “Estranho mundo dos Mongolords”, “A meia noite levarei a tua alma”, que era uma homenagem ao Zé do Caixão, e a que antecedeu a PsycHorrendo “Deusa Ufonauta”, que teve uma excelente repercussão, o que acabou rendendo uma participação na coletânea “Garimpo Underguide”, da Paradoxx Music, que teve a produção do Clemente dos Inocentes. A PsycHorrendo foi a 1ª coletânea do estilo em cd, idealizada pelo Morto como uma forma de cooperativa entre as bandas de São Paulo e Curitiba para dar uma injeção de ânimo na cena.


os mongolords invadem New York


CM - e como foi a mudança pra NY? Vocês chegaram a manter a formação da banda nos EUA?


BG - A mudança pra NY foi depois que ganhamos um concurso promovido pela revista ShowBizz e 89 FM, que deu direito a gravação de um cd single, produzido pelo Planet Hemp. Isso tudo gerou muita expectativa na banda, mas acabou não rolando nada, os integrantes do Planet Hemp tiveram problemas com a justiça e acabaram sendo presos, cancelaram shows... Nossa banda acabou entrando em crise e acabamos decidindo ir para NY para tentar levantar uma grana...

Quando estávamos lá percebemos que a banda não iria mais rolar, compramos alguns instrumentos (inclusive o rabecão) e voltamos. O Mortão é nosso brother, ficou e permanece lá até hoje. Está com uma nova banda, o Ironixx. Desde que o Morto foi desta pra uma outra... banda ... passaram-se 11 anos....



CM - Agora me fale sobre o começo dos skizoyds e como foram as mudanças?


BG - Eu e o Luis voltamos primeiro, começamos a ensaiar novas musicas e surgiu a vontade de montar uma banda diferente dos Mongolords, mais tenebrosa e com mais peso. O Luís sempre mandou bem no vocal, o Alemão chegou com o baixo acústico e decidimos tocar o puteiro como um Power trio mesmo. O nome “Skizoyds” vem da primeira frase da música Psycho Therapy dos Ramones....”I’m teenage schizoid ...”

no musikaos


CM - conte algumas histórias que marcaram a banda nesses anos.


Ainda continuamos batalhando, mas as coisas mudaram para melhor, o lance já é mais estruturado, participamos do programa Musikaos da TV Cultura, tocamos nos melhores festivais (Psycho Fest e Psycho Carnival em Curitiba), e abrimos alguns shows de bandas gringas, dentre elas destacamos os Cenobites da Holanda, que alem de grande banda são super camaradas.



CM - e sobre a cena ? como você vê a cena hoje em dia?


BG - Apesar de estar mais profissional, sinto a cena meio fechada, na minha opinião está faltando mais espaço para boas bandas que tem surgido pelo interior. È muito bom ter festivais próprios para o estilo, mas também vejo a necessidade da união do underground, senão o lance fica muito restrito e corre o risco de definhar. O importante é colocar o tesão de tocar na frente do dinheiro. A brodagem não pode ficar de lado, porque nem todas as bandas contam com uma estrutura boa para fazer “permutas de shows” com as bandas dos grandes centros.


capa do cd TREPANAÇÃO


CM - Agora fale sobre as novidades, principalmente sobre o cd trepanação, que acabou de sair do forno e esta muito bom por sinal!


BG - O cd Trepanação é o resultado de oito anos de estrada, dedicados não só ao estilo mais underground, como também a uma filosofia de vida. Demoramos a lançar porque queríamos que fosse um marco para banda, e conta com participações mais do que especiais do Hulk dos Kães Vadius, num dueto infernal com o Luicifer, Alex Valenzi detona no piano boogie woogie e vários amigos artistas da nossa cidade também participam de alguma forma, seja tocando, desenhando, fotografando ou como equipe de suporte para a realização de eventos, toda a gang de delinqüentes reunida para espalhar a insanidade...


com hulkabilly



CM - falem se vocês tem algum projeto paralelo aos skizoyds? E fale também sobre a entrada do novo batera para o Luícifer assumir de vez os vocais?


BG - Não temos tempo para nos dedicarmos a outros projetos, somos os Skizoyds nas poucas horas vagas. A idéia é seguir o que o Mad Sin fez, que passou de um Power trio para um quinteto, queremos mudar a dinâmica da banda tanto no palco quanto para futuras composições de estúdio. Já nos apresentamos com a nova formação no pré lançamento do cd Trepanação, que foi na IV Oktober Rock, e contou com Kabana, segurando as baquetas e Leandro Fiotão, na segunda guitarra, deixando o Luicifer livre para os vocais. Foi ducaralho!


CM – O que vocês ouvem hoje em dia o que os influencia atualmente?


BG - Continuamos sendo influenciados pelas mesmas coisas de 15 anos atrás, acima de tudo somos grandes fãs de Rock n’ Roll e tudo que está relacionado a este estilo de vida: Terror, quadrinhos, sacanagens, Choppers e Hot Rods envenenados da Cultura Custom, tattoos, pin ups e todo tipo de demência que exorcise nossos demônios interiores.



CM - Agora deixem um recado ai pra galera e obrigado pela entrevista.


BG - Nós é que agradecemos Mr. Reverend Stalker. A vida é curta, portanto, curtam a vida adoidado seus monstrengos! Nos vemos em algum boteco pela estrada, para juntos celebrarmos o verdadeiro Rock n’ Roll. O que não nos destrói, nos deixa mais Skizoyds. Keep Wrecking!

Billy grilo é o guitarrista da banda skizoyds.


visitem o my space dos SKIZOYDS


http://www.myspace.com/skizoyds




3 comentários:

  1. Muito massa a entrevista !!! curto pra caralho Skizoyds !!! essa nova formação vai deixar a banda mais foda ainda \m/

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  2. opa valeu rapa, tb gosto muito do som dos caras inclusive agora estou ouvindo os presentes do billy , sons do mongolords, um tanto de nostalgia circulando pelo ar
    abrsss

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  3. Caraks, eu comprei o Cd dele hj, e conheci o cara do violão celo eo da Guitarra e os caras é mtoo Fmz! E o som deles é mto loko...

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allefuckinglluiah