quarta-feira, 9 de junho de 2010

Curta produzido em Sorocaba há dez anos, é exibido pela 1ª vez

 
'A Ira' é resultado de uma oficina realizada na Grande Otelo em 2.000
Há dez anos, o cineasta Joel Yamaji comandou, na Oficina Cultural Grande Otelo, um projeto voltado à realização cinematográfica. Durante seis meses, cerca de 40 alunos desenvolveram as várias etapas de produção de um filme. Do roteiro, à direção de arte, passando pela preparação dos atores e captação de imagens, o grupo rodou o curta “A Ira”, que será exibido pela primeira vez em Sorocaba na próxima sexta-feira, dentro da programação do CineCafé. E no mesmo local em que tudo começou, com a participação do diretor, que hoje é coordenador do departamento de Cinema da USP. O filme será exibido depois da produção coreana “Primavera, Verão, Outono, Inverno e Primavera”, de Kim Ki-Duk. A entrada é franca.
O  projeto em parceria com oSESC local tem como objetivo a formação de público. “A proposta é colocar um novo olhar nos olhos da pessoa.Queremos fazer com que ela entenda a expressão, a linguagem, que possa discutir, colocar suas impressões e posicionamentos”, explicam. Mais até do que isso, o empreendimento abriu caminho para a retomada do cineclube na cidade. Entre abril e maio, as sessões realizadas semanalmente levaram ao espaço média de 30 pessoas. Para uma atividade como essa o número é bastante expressivo. Isso, claro, sem considerar que o público tem participado ativamente.
 A ação foi ambientada num casarão do Distrito de George Oeterer, em Iperó. A narrativa aborda os sentimentos de duas irmãs de temperamentos opostos e seus conflitos. O elenco destaca as presenças das atrizes Beth Pinn, Simone Moon e Nina Pessoa. Joel Yamaji também conversou com o Mais Cruzeiro e contou que “A Ira”, rodado em película no formato 35 milímetros, exigiu investimentos da ordem de R$ 15 mil. Por falta de espaço adequado, o curta não pôde ser apresentado na cidade.
O filme participou de festivais e foi premiado na edição de 2002 da mostra da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC) na categoria de melhor fotografia. O cineasta avalia como boas as perspectivas dos curtas-metragem. “O Brasil tem produzido muito, a evolução tecnológica tem contribuído para incrementar esse segmento. Eu diria que ainda precisamos melhorar o padrão da linguagem trabalhada, mas essa é uma opinião pessoal”, destaca Yamaji.
Para o diretor, a retomada do cinema brasileiro impactou positivamente a produção de curtas: “Não podemos trabalhar com paralelos e comparar nosso fazer cinematográfico com o dos Estados Unidos. Lá, a questão é tratada do ponto de vista da escala industrial. Mesmo assim, não acho que o Brasil fica a dever tanto”. Junto com Jader Gudin, Joel Yamaji rodou, no ano passado, na Fazendo Limoeiro da Concórdia, “O Diário de Simonton”, filme que conta a história da chegada da Igreja Presbiteriana no Brasil. O curta, ele disse, está em fase de finalização. “Trabalhamos, no momento, a edição de som. Até o final do ano, acredito, deveremos inscrevê-lo em algumas mostras competitivas”, conta. (Por José Antônio Rosa)
SERVIÇO:
“A Ira” e “Primavera, Outono, Verão, Inverno e Primavera”
Sexta-feira, a partir das 19h
Debate coordenado por Joel Yamaji
Oficina Cultural Grande Otelo (Praça Frei Baraúna, s/nº)
A entrada é franca.

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