segunda-feira, 26 de outubro de 2009

fumante passivo um mito - lei antifumo fascismo e arbitrariedade

Eu tinha feito uma referência no blog sobre a similaridade da lei antifumo com o fascismo e a Alemanha Nazista. E, eis que me deparo com esse texto do João Pereira Coutinho, escrito 4 dias depois do meu texto, ou seja, tem mais gente que pensa da mesma forma que eu ou, ele é um leitor do meu blog hauaahau

bom dia a todos e boas tragadas


Até tu, São Paulo ?
JOÃO PEREIRA COUTINHO
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1808200919.htm
Inserido em 20/08/2009

"Leio a legislação antifumo do Estado de São Paulo e reconheço sua natureza totalitária"


A SÉRIE "Mad Men" ainda não estreou no Brasil. Lamento. Melhor é impossível. "Mad Men" é o retrato perfeito dos publicitários da Madison Avenue na Nova York sofisticada de 1960. Mas é mais do que isso. Um fresco sobre a grande transição americana: do aburguesamento dos "fifties" à contracultura dos "sixties". Do tédio à lixeira.

Um pormenor, porém, não deixa de causar espanto entre os filistinos: o fumo. Em "Mad Men", toda a gente fuma com uma naturalidade que nos parece herética. Dentro dos edifícios, fora dos edifícios. Mães, pais. Patrões. Empregados. E médicos, é claro, a começar por um ginecologista que segura o cigarro com uma mão e faz o exame com a outra. Equilibrismo puro.

Tanto fumo não deveria espantar. Pessoalmente, ainda recordo o tempo heroico em que o meu avô me levava ao cinema e fumava, em plena sala, do princípio ao fim.

E, historicamente, "Mad Men" está na viragem. Em 1950, Richard Doll publicava o primeiro grande ensaio científico sobre a relação direta entre fumo (ativo) e doença. Só em 1970 chegou o mito do "fumo passivo". Digo "mito" e digo bem. Ainda está para aparecer o primeiro estudo cientificamente rigoroso capaz de mostrar uma relação sustentada entre "fumo passivo" e câncer.

O que não significa que não existam estudos sobre essa hipótese. Christopher Booker, um especialista sobre as nossas histerias modernas, normalmente lembra dois. Os maiores e mais recentes. O primeiro foi realizado pela Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, da Organização Mundial de Saúde. O segundo foi dirigido, durante 40 anos, por James Enstrom e Geoffrey Kabat para a Sociedade Americana de Câncer através da observação de 35 mil não fumantes que conviviam diariamente com fumantes. Resultados? Repito: um mito é um mito.

Mas a ideologia é a ideologia. De vez em quando, afirmo que alguns traços nazistas sobreviveram a 1945. Sou insultado. Não respondo. Basta olhar em volta para perceber que algumas das nossas rotinas médicas mais básicas teriam agradado ao tio Adolfo e à sua busca de perfeição terrena. Exemplos? Certas formas de eugenia "respeitável", praticadas por milhões de pessoas quando recebem uma má ecografia. Ou a demonização absoluta que o fumante moderno conhece nos Estados Unidos. Na Europa. E agora, hélas, em São Paulo.

Leio a legislação antifumo do Estado de São Paulo e reconheço a natureza totalitária dela, novamente dominada por uma ideia iníqua de perfeição física.

Tudo começa pela elevação da mentira a dogma: o dogma de que "fumo passivo" é um perigo fatal para terceiros. O dogma não é apenas fantasioso; é também perigoso, porque estabelece de imediato uma divisão moral entre os agentes da corrupção (os fumantes) e as vítimas inocentes (os abstêmios). É só substituir "fumante" por "judeu"; e "abstêmio" por "ariano" para regressar a 1933.
E regressar a 1933 é regressar a um mundo que desprezava a liberdade individual com especial ferocidade. A lei antifumo cumpre esse propósito. Proibir o fumo em lugares fechados, como bares ou restaurantes, é um ataque à propriedade privada e à liberdade de cada proprietário decidir que tipo de clientes deseja acolher no seu espaço. O mesmo raciocínio aplica-se aos clientes, impedidos de decidir livremente onde desejam ser acolhidos.

Mas o melhor da lei vem no policiamento. Imitando as piores práticas das sociedades fechadas, a lei promove a delação como forma de convivência social. Por telefone ou pela internet, cada cidadão é convidado a ser um vigilante do vizinho, denunciando comportamentos "desviantes". Isso não é regressar a 1933. É, no mínimo, um regresso à Rússia de 1917. Se juntarmos ao quadro uma verdadeira "polícia sanitária" que ataca à paisana, é possível concluir que o espírito KGB emigrou para o Brasil.

Finalmente, lembremos o essencial: os extremismos políticos só sobrevivem em sociedades cúmplices, ou pelo menos indiferentes aos extremistas. Será São Paulo esse tipo de sociedade?
Parece. A última pesquisa Datafolha é sinistra: a esmagadora maioria dos paulistas (88%) aprova a lei antifumo. Só 10% se opõem a ela. Só 2% lhe são indiferentes. Mais irônico é olhar para os fumantes: depois de anos e anos de propaganda e desumanização, eles olham-se no espelho, sentem o clássico nojo de si próprios e até concordam com a lei (77%). Razão tinha Karl Kraus quando afirmava, na Viena de inícios do século XX, que o antissemitismo era tão normal que até os judeus o praticavam. Péssimo presságio.

N.B. - Sabemos, hoje com comprovada certeza, que a campanha antitabagista é um teste idealizado pelos engenheiros comportamentais do Clube Bilderberg (você leu o livro?) para averiguar a facilidade de moldagem da população mundial aos conceitos que interessam implantar, rumo ao domínio efetivo de corações e mentes. A margem de êxito ultrapassou as expectativas: o gado é receptivo, absolutamente plasmável e pronto para o seringar-se ao curral definitivo.
A técnica usada segue o esquema de cozinhar sapo em fogo brando, e é um velho uso totalitário:
1. obriga-se a usar uma estrela amarela; (nada de terrível e se aceita sem reação)
2. proibe-se de comprar leite e seus derivados; (desagradável, mas enfim pra não arrumar encrenca...)
3. proibe-se a residência em certos bairros; (péssimo, mas se não se mudar, os vizinhos tornam sua vida um inferno...)

Um comentário:

  1. É, meu caro amigo Cleiner. É exatamente assim que me sinto com relação à lei antitabagista: marginalizada.
    O gesto que até então era tão fino e aristocrático, hoje em dia se tornou um crime.
    Nos colocam pra fora dos estabelecimentos como se não tivéssimos o direito de estar ali. Como se não pagássemos impostos como todos os outros cidadãos de bem. Somos postos pra fora.
    Que sejam postos pra fora tembém aqueles que são viciados em música ruim ou em "vida saudável demais".

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allefuckinglluiah