quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

harvey - um curta de amor?

por Cleiner Micceno

Um amigo meu, Rodrigo Chagas, integrante das bandas baianas the Futchers e the Honkers me mandou esse curta via e mail, eu a princípio achei que fosse mais uma das piadas dele, até que me deparei com a obra surrealista do australiano Peter McDonald, que foi uma grata surpresa, pois fazia um certo tempo que não via um curta que me fizesse sentar e escrever algo, e achei esse em especial um que merecia uma resenha. O filme fala sobre as escolhas, sobre o amor e sobre as incompatibilidades humanas, onde a busca do amor idealizado através do platonismo voyeurista,visto através de uma fenda na porta, não é concretizado com a proximidade do ser amado. Ou seja, resumindo isso, os amores platonicos deveriam ficar apenas nesse nivel, pois assim que se divide a vida com o obejto de desejo ele desce de seu pedestal e assume a rudeza da aura humana, e o convívio longe da deificação do outro pode ser uma interminavel tortura psicologica para ambos, principalmente por quem nutre o amor irreal baseado em pureza e perfeição inexistentes.
Partindo dessa irrealidade chegamos ao argumento simples de Harvey, com técnicas modernas de intervenção digital, mas sendo feito da forma mais autoral possivel, o filme não se descaracteriza com o processo de digitalização nesse caso necessária, conseguindo uma estética e uma força pungente na sua estrutura e sua forma, atingindo o espectador com imagens aterradoras e belas, como em uma obra de Buñuel , que sempre dizia que o bizarro tinha uma beleza elementar.
Lily (Lisa Angove) mora em apartamento simples, e ao seu lado mora um estranho e soturno vizinho, Harvey (Nicholas Hope) que a vigia. Até ai tudo bem mas Harvey procura sua cara metade, seu complemento no mundo, e através de sua porta ele visualiza aquela que é seu amor platonico Lily.
Ai entra a poesia surrealista e psicológica do amor e das escolhas, lily esta alheia ao fato de seu vizinho nutrir uma paixão por ela e quando é confrontada com a sua metade no banheiro, cai e desmaia, a junção dos dois carne com carne, não supre a falta de amor de Lily por Harvey, e o caos reina na vida dividida dos dois, até a inevitável separação, com todas as cicatrizes, Lily refeita, está assutada, mas está se recompondo, mas Harvey que idealizou seu grande amor, esta apenas pela metade, incompleto, e provavelmente sempre estará.

Uma fábula triste das relações humanas e da eterna busca de seu complemento, visto de forma magistral em um filme muito simples mas com uma grande idéia.

Mas o alento é que sempre continuamos tentando e ás vezes , somente ás vezes, nós conseguimos acertar nossas escolhas.

Aqui você pode baixar o vídeo disponibilizado pelo proprio autor
harvey disponibilizado pelo diretor


esse post é dedicado atodos os Harveys do mundo.

Um comentário:

  1. Eu simplesmente adorei esse curta! É simplesmente fabuloso, e tenho de admitir que fazia tempos que eu não ficava sentada na cadeira olhando para o nada por alguns minutos, em estado catatônico.
    Peter Mcdonald teve um jogo de câmera junto aos ângulos fabuloso, e o ator junto a atriz foram excepcionais.
    Difícil dizer se algum curta irá me surpreender como Harvey, e mais difícil ainda é vê-lo só uma vez.
    Ótimo post! Parabéns

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allefuckinglluiah