Os canos de descarga dos carros lançavam tufos de fumaça na noite lamacenta, homens moribundos cambaleavam nas esquinas depois da maratona de botequins sujos e boates pouco recomendáveis, o neon desbotava a calçada cheia de manchas, putas , cafetões e traficantes baratos. O dinheiro escorria pelo esgoto, pelas veias dos viciados e pela gonorreia social. Nas buzinas a sinfonia noturna seguia seu caminho desesperado. Viam-se ao longe apenas espectros que outrora foram humanos, um solo de sax vazava de uma casa noturna, as notas caiam nas ruas como uma chuva fina de inverno, era só seguir a névoa feita pela fumaça dos cigarros e dos charutos baratos, comprados por dez pratas a dúzia. Um tiro era ouvido aumentando a sinfonia da urbe, era apenas mais sangue que escorria pelos becos, inundando os gatos mortos e os restos de mendigos esquecidos pela vida. Uma puta gritava ao longe. Sirenes cortavam a noite como uma faca afiada, os neons eram substituídos pelo giroflex bem menos glamoroso, mas tão decadente quanto. O letreiro de um sex shop piscava de forma irregular, espantando as mariposas que queriam se esconder. Nem a mortalha, as luzes ou a deterioração faziam o giro constante dos motores cessarem, como se o mundo fosse continuar em um moto perpétuo de degradação e loucura sempre no fio da navalha até as ultimas consequências. O barulho das garrafas que rolavam pelo chão batendo nos sapatos dos velhos carcomidos são apenas restos de vida, em ambos os lados. Os metrôs e os trens recomeçavam sua marcha frenética, os supostos homens de bem se desentocavam para mais uma manhã radiante, partindo de forma maquinal para sua marcha de morte. Os seres noturnos se recolhiam, se entocavam e entravam na sua hibernação foto fóbica á espera da próxima lua que ficava escondida pela fumaça e pelo alcatrão. Mais uma esperança de um gole que sobrava sempre no fundo do poço, e mais e mais brindes se levantavam em honra de coisa nenhuma. E uma chuva fina de notas musicais caía sobre a cidade assim que o dia terminava, e os canos de descarga dos carros lançavam tufos de fumaça na noite lamacenta...
terça-feira, 5 de abril de 2011
Balada sangrenta. BEAT de uma nota só
Os canos de descarga dos carros lançavam tufos de fumaça na noite lamacenta, homens moribundos cambaleavam nas esquinas depois da maratona de botequins sujos e boates pouco recomendáveis, o neon desbotava a calçada cheia de manchas, putas , cafetões e traficantes baratos. O dinheiro escorria pelo esgoto, pelas veias dos viciados e pela gonorreia social. Nas buzinas a sinfonia noturna seguia seu caminho desesperado. Viam-se ao longe apenas espectros que outrora foram humanos, um solo de sax vazava de uma casa noturna, as notas caiam nas ruas como uma chuva fina de inverno, era só seguir a névoa feita pela fumaça dos cigarros e dos charutos baratos, comprados por dez pratas a dúzia. Um tiro era ouvido aumentando a sinfonia da urbe, era apenas mais sangue que escorria pelos becos, inundando os gatos mortos e os restos de mendigos esquecidos pela vida. Uma puta gritava ao longe. Sirenes cortavam a noite como uma faca afiada, os neons eram substituídos pelo giroflex bem menos glamoroso, mas tão decadente quanto. O letreiro de um sex shop piscava de forma irregular, espantando as mariposas que queriam se esconder. Nem a mortalha, as luzes ou a deterioração faziam o giro constante dos motores cessarem, como se o mundo fosse continuar em um moto perpétuo de degradação e loucura sempre no fio da navalha até as ultimas consequências. O barulho das garrafas que rolavam pelo chão batendo nos sapatos dos velhos carcomidos são apenas restos de vida, em ambos os lados. Os metrôs e os trens recomeçavam sua marcha frenética, os supostos homens de bem se desentocavam para mais uma manhã radiante, partindo de forma maquinal para sua marcha de morte. Os seres noturnos se recolhiam, se entocavam e entravam na sua hibernação foto fóbica á espera da próxima lua que ficava escondida pela fumaça e pelo alcatrão. Mais uma esperança de um gole que sobrava sempre no fundo do poço, e mais e mais brindes se levantavam em honra de coisa nenhuma. E uma chuva fina de notas musicais caía sobre a cidade assim que o dia terminava, e os canos de descarga dos carros lançavam tufos de fumaça na noite lamacenta...
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostei do seu texto, descrevendo muito bem a rotina de uma noite qualquer de uma cidade grande.
ResponderExcluirabraço.