Ela bateu à porta, quis entrar a base de facadas.
Corroeu os sentimentos, desfez a delicadeza, empunhou a arma e atirou nos pés.
Se julgou usada, mas tinha usado seu pior sorriso
Os dentes amarelados de uma caveira velha escondiam as obturações dos seus sentimentos.
Queria flores e dava estocadas em troca. Queria rosas para enfeitar seu próprio caixão que ela mesmo velava.
Gritou, ficou rouca e emudeceu, suas palavras estavam em um tom alto demais, desagradável demais, os ouvidos ensurdeceram nos primeiros berros, sangraram no decorrer dos dias.
A menina era pura, intocada, inerte e imatura, sua imaturidade venceu a pureza e a pureza se perdeu na lama.
Uma nota em sustenido rosnou na cabeça, um blues dissonante, de um choro que se prendeu tempo demais na garganta errada.
Quando se cultiva ervas daninhas, mesmo que delas nasçam flores elas serão uma praga.
Obsessiva em possessão do momento, perdeu a hora, perdeu o dia, perdeu o que tinha e não ganhou nada a não ser sua própria porta sendo fechada em sua cara.
Se entregou ao primeiro que soube utilizar seu sofrimento contra ela mesma.
Caiu na lábia falsa, se entregou por ódio, raiva e motivos errados.
Sua aparente felicidade, guarda no seu mais profundo ser, a tristeza de uma centena de vidas.
Emula sentimentos que não são seus, por pessoas que não são elas.
Destroços, frases ríspidas, gênio ruim e medíocre, simplicidade falsa, orgulho escondido mas latente.
Nega, mas adora sofrer, se excita com a foice a chibata, se estimula com a possibilidade da humilhação. Retorce-se de prazer com o sofrimento, solta suspiros que mesclam choro e deleite.
Sua língua beija a boca do anjo, pensando no demônio.
Suas vestes brancas já estão pardacentas, da lama que ela mesma se impôs.
Os sinos bateram, a morte chegou perto, de sobressalto em sobressalto, de tristeza em tristeza sua mentira fere o próprio coração que cai em pedaços e em cada pedaço nasce uma chaga púrpura, que brilha diretamente em seus olhos, cegando-a e destruindo o que restou de seus sentimentos .
Está sendo punida por seus próprios méritos.
E o blues é a única coisa q toca-lhe a alma
por cleiner micceno
por cleiner micceno