terça-feira, 29 de setembro de 2009

Filme de zumbis de 70 dolares sera exibido na 33° mostra de SP


Um filme de zumbi realizado com uma câmera de vídeo ao custo de apenas 70 dólares, conseguiu distribuição nos cinemas do Reino Unido e é uma das atrações da 33ª Mostra Internacional de Cinema, de 23 de outubro a 5 de novembro.

Colin, dirigido pelo britânico Marc Price, chegará aos cinemas britânicos a tempo de competir com os “blockbusters” de Hollywood produzidos para o Halloween, neste mês de outubro. “Se eu pensar friamente, é um pouco assustador, ver o sucesso chegar ao preço de um cordão de sapatos”, diz o diretor. Por se tratar de seu primeiro longa-metragem, o filme integra a Competição de Novos Diretores da Mostra, concorrendo ao Troféu Bandeira Paulista.

Price escreveu, dirigiu, filmou e editou Colin em 18 meses, durante os quais trabalhava à noite como motorista de táxi. Aos 30 anos, em seu primeiro trabalho e com pouca publicidade, ele conseguiu voluntários a zumbi no sitio de relacionamentos Facebook. Aprendeu maquiagem e efeitos especiais assistindo à sua coleção de DVDs de filmes de terror e ouvindo os comentários de outros diretores.

Segundo Marc, precisou apenas de US$ 70, algumas fitas, um pouco de café e chá para manter os zumbis felizes no set. Desde o sucesso de Colin, Price tem sido procurado por jovens cineastas de todo o mundo, interessados em fazer seus próprios filmes mesmo com poucos recursos financeiros. “Essa é a melhor parte”, diz Price, lembrando que era como esses jovens quando tinha 16 anos de idade – mas ressaltando que o seu celular deve ter uma imagem melhor que a câmera de vídeo deles.

Quando lançar o DVD de Colin o diretor promete colocar informações sobre a realização do filme, para ajudar outros jovens diretores. Em entrevista à rede americana CNN, disse que vai revelar todos os truques do filme e dar dicas, mesmo sabendo que vai destruir muitas ilusões. Mas acha importante que saibam como o filme foi feito. Colin diverge de muitos filmes de horror por contar a história do ponto de vista do zumbi.

Depois de todo o burburinho entre os distribuidores no Festival de Cannes, no início deste ano, a Kaleidoscope Entertainment comprou o filme e vai lançá-lo em 6 a 15 salas do Reino Unido. Mas ainda não existem planos para distribuição internacional.

O próximo projeto de Price é descrito por ele como um drama da II Guerra Mundial com uma pitada de horror – e também terá uma criatura no final. O roteiro está escrito e o elenco escolhido. Tudo o que ele precisa agora é financiamento. “Não muito, mas um pouquinho mais do que para Colin”, finaliza.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Roman Polanski é preso na Suiça

O cineasta Roman Polanski foi detido neste domingo ao entrar na Suíça para receber um prêmio por ordem de prisão emitida pelos Estados Unidos trinta anos atrás, disse um comunicado da organização do Festival de Cinema de Zurique.

A detenção, empreendida na noite de sábado, ocorreu por acusações, datadas de 1978, de ter tido relações sexuais com uma menor de idade, acrescentou o comunicado.

Na noite de domingo, o renomado diretor iria receber um prêmio por sua trajetória no festival, que exibirá um retrospectiva de sua carreira filmográfica no evento.

"Ele foi detido pela polícia ao chegar ao aeroporto de Zurique", informou a nota.

Polanski fora preso no final da década de 1970 e acusado de oferecer drogas e álcool a uma adolescente de 13 anos e de fazer sexo com ela em uma sessão fotográfica na casa do ator Jack Nicholson.

À época, o diretor alegou que a menor não era mais virgem e que não fora forçada. Ele passou 42 dias na prisão e saiu do país antes de receber sua sentença. Seu visto aos EUA está suspenso desde então.

Políticos da França e da Polônia estão unidos em defesa do cineasta Roman Polanski, preso no sábado em Zurique, na Suíça , trinta e um anos depois de ter admitido ter mantido relações sexuais com uma garota de 13 anos nos Estados Unidos. Neste domingo, o ministro de Cultura Frederic Mitterrand divulgou um comunicado informando que tanto ele quanto o presidente Nicolas Sarkozy querem ver o diretor voltar rapidamente para sua família.

Entenda melhor o caso

Miterrand disse estar "atordoado" com a notícia. Polanski foi preso ao desembarcar na capital suíça, onde seria homenageado no Festival de Cinema de Zurique. O mandado de prisão foi emitido pelas autoridades americanas em 1978, quando o cineasta já havia deixado os Estados Unidos.

Radoslaw Sikorski, ministro das Relações Exteriores da Polônia - para onde Polanski foi durante a Segunda Guerra Mundial, quando sua mãe foi morta por nazistas -, disse que pode apelar diretamente para as autoridades americanas sobre o caso.

- Estou considerando a possibilidade de solicitar ao presidente dos Estados Unidos (Barack Obama) a proclamação de um ato de clemência que resolva a questão de uma vez por todas - afirmou Sikorski.

No início deste ano, um magistrado americano afirmou que houve má conduta do juiz original do caso, hoje falecido, mas determinou que Polansky deveria retornar aos Estados Unidos para pedir a anulação do caso.

Bernard Kouchner, ministro das Relações Exteriores da França, também emitiu uma declaração na qual diz estar em contato com as autoridades suíças para exigir que os direitos de Polanski sejam plenamente respeitados e que uma solução "favorável" seja encontrada rapidamente.

Artistas estão indignados com a prisão

A comunidade artística também está indignada. O presidente da Associação dos Produtores de Cinema, Jacek Bromski, está perplexo com a atitude dos suíços.

- Não entedemos porque eles convidaram Polanski para um festival de cinema, onde era para ter recebido um prêmio por uma vida de realizações, e em seguida o prenderam - argumentou.


domingo, 27 de setembro de 2009

15º Psychobilly Fest!



15º Psychobilly Fest!

Este ano com certeza traz algumas das melhores bandas nacionais na atualidade e também um convidado internacional, que vem abrilhantar o festival! O MOTORAMA da Argentina!!! A banda que fez um show exelente no Psycho carnival 2008 acaba de lançar o CD CRISIS e esta afiadíssima para mostrar seu Neo Rockabilly no Psychobilly Fest! Outra banda afíada e velha conhecida ja do público são os OVOS PRESLEY, que vem mostrando em todos os cantos do Brasil por que são considerados o melhor show da atualidade !! E mais duas bandas que começaram com o ano muito forte, AS DIABATZ E SICK SICK SINNERS também fazem parte do line up, as duas acabaram de chegar de duas extensas turnês internacionais mostrando o psychobilly brasileiro em toda a Europa, e o 66SINNERS ainda deu uma esticada até o EUA para mostrar seu novo CD e ainda vai estrear a nova formação no festival!!! Mais duas grandes atrações são o THE BROWN VAMPIRE CATZ de Londrina, considerados por muitos como a melhor banda da atualidade do psychobilly nacional, e a volta dos paulistas do VOODOO STOMPERS que que após uma breve pausa voltam com tudo para Curitiba! E duas grandes estréias vão acontecer este ano no fest! A banda curitibana FLATHEADS rockabilly da melhor qualidade e OS DEGOLADOS psychobilly nervoso de São Paulo! Direto de Santos BIG NITRONS vem lançar o seu CD PORNIFICATION em Curitiba, e mostrar de novo um dos shows mais divertidos do Brasil! A outra atração é dupla Baby Rebel & Koti, a vocalista das DIABATZ e o LENDÁRIO CHUCROBILLY MAN, se juntam para desfilar clássicos e mais clássicos de country e rockabilly! Mais um grande motivo de não perder o fest!

E a psychobilly Corporation não se contenta com dois dias de festival, dia 12 no feriado vai acontecer o PSYCHO ART TATTOO no estudio TATTOOHOLIC, um evento que vai juntar tatuagem, exposição fotográfica e musica! De Marília, vem o tatuador da Body Custom CACAU, que vai tatuar durante o evento, que ainda conta com um pocket acústico com a banda MOTORAMA, e na parede a exposição GAROTAS DO CALENDÁRIO que tem estréia nacional no Psycho Fest.

Mais uma novidade, que não é novidade para ninguém, é que no bar a cerveja que vai molhar a garanta da psycharada é Eisenbanh!


15° Psychobilly Fest

10 out - Opera 1

MOTORAMA
BIG NITRONS
AS DIABATZ
FLATHEADS
DEGOLADOS

11 out - Opera 1

OVOS PRESLEY
SICK SICK SINNERS
THE BROWN VAMPIRE CATZ
VOODOO STOMPERS
BABY REBEL & KOTI

DeeJoker - krypta recs

+ Stands
+ Cerveja Eisenbahn
+ Sorteio de Tattoo

Local: Ópera 1 Arena
R. Jaime Reis, 313 - Largo da Ordem

Ingressos para os dias 10 e 11:

R$ 20,00 antecipados
R$ 30,00 pacote para os dois dias antecipado.

Na hora outro preço.

12 out - Evento Psycho Art Tattoo


Pocket acústico show com Motorama+ Tattoo com Cacau do estudio Body
Custom (Bauru) + Exposição de Fotos Pin Ups "Garotas do Calendário"

Entrada franca

Excursão para o Fest 2009, São Paulo - Curitiba!

São Paulo ataque - Fest 2009- Saida 9/10/09 as 23:00 hs do metro Clinicas, volta dia 12/10/09 umas 8:00 hs, valor 100,00 ida e volta. Os dépositos tem que ser feito até o dia 30/09/09, maiores informções Loja 1 - Galeria do Rock
Rua 24 de Maio, 62 loja 472 - 3º andar
Fone: 3337-2979 Falar com André.



Ingressos nas lojas:

Itiban
Silva jardim,845-Curitiba-PR
telefone(41)3232-5367

DR. Rock
Shopping Metropolitan, na Praça Rui Barbosa, loja 04.
telefone (41) 3324-0669

Tatooholic
R.Marechal Floriano Peixoto, nº 740
Ed. Solar Floriano, sobreloja.
(Esquina com a Visconde de guarapuava)
Tel: (41)3085-7379

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Autorock 2009

Na próxima Quinta-Feira, dia 01 de Outubro, acontece no MIS (Museu de Imagem e Som) a abertura da quinta edição do Festival Autorock, um dos eventos mais importantes da cena independente de nossa região.

O festival esse ano traz em sua programação algumas novidades, duas delas apresentadas no dia de sua abertura.

A primeira será a exibição do documentário “RE: BOARD“, um projeto idealizado pelo artista, skatista e músico Alexandre Sesper Cruz (vulgo Farofa, vocalista da banda Garage Fuzz), com o intuito de registrar e disseminar a cultura artística do skate no Brasil. O projeto “RE: BOARD” além de documentário tornou-se uma exposição, com um acervo de mais de 200 decks, essa exposição rolou em São Paulo nos meses de Junho e Julho desse ano no espaço Matilha Cultural.


A segunda novidade é a abertura da exposição de arte ”EMOÇÃO TERROR” que irá contar com inúmeros trabalhos de artistas do cenário independente, são eles:

Kauê Garcia, Carol Brandi, Alex Vieira, Daniel Ete, Pipoca, Bigode, Miurão, Coxa,Chico Felix, Bá, Bira, Raphael Araújo, Ana Luisa Flores, Insekto, Disturbios, Mauricio Rossi , Daniel One, Luciana, Araújo, Victor Stephan, Marcelo Angu, Mateus Mondini, Eduardo Vaz, Ivo Muniz, Estênio, SHN, Chã, Rodolfo Braga, Marcelo Belo, Carlos Dias, Matias Picón, Diente, Rael Brian, Sesper, Túlio DFC!

Tanto o documentário quanto a exposição acontecem dia 01 de Outubro no MIS a partir das 19 horas com entrada franca!

Onde?!

MIS-Museu da Imagem e do Som de Campinas
Palácio dos Azulejos
R. Regente Feijó nº 859 Centro – Campinas

…E em breve mais novidades sobre o Festival Autorock 2009. Não deixe de acompanhar e participar!


graffiti em movimento, curta stop motion by blu

Aqui vai um curta do blu simplesmente genial, stop motion com graffiti em muros da cidade de Buenos Aires, poesia em meio ao caos urbano. o video em si é bem simples, mas aidéia é fantastica. assistam


MUTO a wall-painted animation by BLU from blu on Vimeo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Johnny Cash em quadrinhos no Brasil

Ai vai a atualização do post " I See a Darkness" a HQ sobre Johnny Cash, que será lançado finalmente no Brasil em outubro - CASH - I SEE A DARKNESS", biografia em quadrinhos do compositor e cantor norte-americano Johnny Cash, será publicada em outubro de 2009 pela Editora 8INVERSO, de Porto Alegre.

Se você quiser saber mais sobre a obra leia aqui os detalhes.


agradeço ao Frizero pela atualização

José Mojica Marins (zé do Caixão) em Sorocaba

Para quem quer um pouco e diversão macabra e puder vir até Sorocaba, sábado dia 26, o Mojica vai estar fazendo uma palestra e contando histórias de Terror.

Vamo lá cambada

Filmes de terror, contação de histórias arrepiantes e divulgação dos vencedores do “I Concurso de Contos de Terror de Sorocaba”, tudo isso com a presença de José Mojica Marins, o Zé do Caixão – rei do cinema trash nacional. Esta será a programação do “Terror na Usina”, evento promovido pelas secretarias de Comunicação (Secom) e da Cultura (Secult) dentro do Projeto “Usina CineCult”, que será realizado neste sábado (26), a partir das 20h, na Usina Cultural “Ettore Marangoni”. Para participar, é necessária a doação de um litro de leite que será revertido às ações do Fundo Social de Solidariedade (FSS).

Durante o evento, serão exibidos cinco filmes de terror que prometem mexer com a adrenalina e a coragem do público. A maratona começa às 20h, com “Psicose”, um dos clássicos de Alfred Hitchcock, mestre dos filmes de suspense. Às 21h30, José Rubens Incao, administrador da Biblioteca Infantil, contará histórias de terror com lendas brasileiras.

Às 22h, o público poderá conferir o filme “Sexta-feira 13”, o primeiro da extensa série de terror dirigido por Sean S. Cunningham. O longa conta a história de Jason Voorhess, o famoso personagem assassino da máscara de hóquei.

A partir da meia-noite, o “Terror na Usina” receberá a primeira participação de Zé do Caixão. Ele vai contar histórias de terror e anunciar os vencedores do 1º “Concurso de Contos de Terror de Sorocaba”.

Em seguida, "Terror na Usina" prossegue com a exibição do clássico “O Massacre da Serra Elétrica”. O filme, de 1974, atingiu um inacreditável sucesso ao chocar o público com seu realismo cruel. A história aterrorizante, baseada em fatos reais, é considerada um dos maiores suspenses de todos os tempos.

Após o filme, Zé do Caixão volta à cena para, ao lado dos participantes do evento, fazer um passeio pelo cemitério cenográfico que será montado na Usina Cultural. No percurso, Zé do Caixão levará o público ao delírio ao contar histórias de terror. Às 2h40, mais uma atração cinematrográfica: “Carrie – A Estranha”, dirigido por Brian de Palma. O filme é baseado num dos romances de Stephen King e a atriz Sissy Spacek recebeu indicação ao Oscar por sua interpretação.

Encerrando a madrugada aterrorizante, às 4h, será exibido outro clássico do terror: “O Bebê de Rosemary”. O longa, dirigido por Roman Polanski, deu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Mia Farrow.

Concurso de Contos de Terror

Durante o evento, logo a partir das 0h de domingo (27), o público vai conhecer os vencedores do “I Concurso de Contos de Terror de Sorocaba”. Ao todo, foram inscritos quase 50 contos, com as mais variadas histórias de terror envolvendo a cidade de Sorocaba.

A ideia era que os escritores sorocabanos, maiores de 14 anos, produzissem histórias usando lendas e espaços da nossa cidade. “Esse é um tipo de evento que incentiva a população a usar a imaginação e, principalmente, enriquece ainda mais a produção literária de nossa cidade”, destaca o secretário da Cultura.

“Foi bem difícil escolher os primeiros colocados, porque todas as histórias são de muita qualidade e bem originais”, destacou Larissa Gallep, jornalista da Secretaria de Comunicação e uma das organizadoras do concurso. Os três melhores contos ganharão kits culturais, contendo livros e filme de terror, além do Certificado de Participação. Confira a programação do evento:

20h00 - Filme “Psicose”

21h30 - Contação de História: Terror Brasileiro com José Rubens Incao

22h00 - Filme “Sexta-Feira 13”

00h00 - Apresentação de Zé do Caixão - Contação de histórias de terror e anúncio dos vencedores do “Concurso de Contos de Terror”

00h30 - Filme “O Massacre da Serra Elétrica”

02h00 - Passeio pelo “Cemitério da Usina” e contos do Zé do Caixão

02h40 - Filme “Carrie – A Estranha”

04h00 - Filme “O bebê de Rosemary”

sábado, 19 de setembro de 2009

O homem que perdeu a hora

O homem que perdeu a hora

Ele se levantou assim que o despertador deu três toques, como fazia todas as manhãs, foi até o banheiro, se olhou no espelho, pegou a pasta de dente, passou na escova, escovou cada quadrante bucal por 30 segundos exatos, sua vida era meticulosa nos mínimos detalhes, cada movimento era precedido de uma análise, cada passo era contabilizado em sua vida, cronometrava cada ato do seu dia a dia, sabia quantos minutos levava cada movimento de sua manhã, despertava sempre no mesmo horário, tinha uma hora e meia para chegar ao escritório assim que saia do banheiro. Já tinha feito um cronograma completo, onde colocava até os possíveis imprevistos, tinha 45 minutos de percurso até o trabalho, contando os atrasos decorrentes do caminho até a estação, como semáforos, calçadas cheias e até algum pequeno deslize de horário do trem. Olhava para o relógio e fazia contas mentais sobre o tempo que levaria para se vestir, pentear os cabelos, fazer a barba, fazia isso cinco dias por semana, levando o total de 30 minutos por dia , ou seja, duas horas e meia na semana de trabalho, 9000 segundos desperdiçados com coisas cotidianas, ele tinha como meta conseguir melhorar esse tempo. Enquanto pensava isso, tomava seu café da manhã saudável, já que ele fazia contagem de calorias, duas fatias de queijo branco, duas torradas médias não muito queimadas, café preto sem açúcar – amargo, mas dava energia e não acrescentava calorias extras- seu mundo era uma redoma de somas, horários, repetições e rotinas. Tudo era anotado e revisado, nada poderia sair do lugar, todas as coisas eram organizadas por ordem alfabética, graduação de cores, ordens crescentes e decrescentes, suas roupas ficavam separadas por dia da semana, até a decoração minimalista da casa sofria uma espécie de ordem geométrica.
Depois de tomar o café, terminou de se vestir, colocou a gravata, ajeitou seu chapéu de feltro italiano, passou no espelho pra uma ultima olhada , ver se tudo estava alinhado, olhou para o relógio, estava estritamente no horário.
Como todos os dias , saiu de sua casa às sete e trinta, chamou o elevador que não veio, começou a suar frio, já estava um minuto atrasado em seus planos diários, sentia calafrios só de imaginar de perder seu trem, que passava na estação as sete e quarenta e cinco, tinha que quebrar sua rotina, usar o plano B - um dia isso teria de acontecer - sem perda de tempo, começou a descer as escadas, sete andares, um número cabalístico que ele fez questão de escolher quando comprou o apartamento. Vencia cada um dos oitenta e quatro degraus que o separava do térreo, contava cada um deles desde que se mudara para lá, pra poder ,em uma emergência, estar preparado para eventualidades como aquela, saber o tempo que levaria para percorrer a extensão de trinta e sete metros em espiral das escadas era essencial em seus planos. Levou um minuto e meio, já estava três minutos atrasado. Chegou finalmente ao térreo, saiu resfolegando, e ficou muito nervoso quando não viu ninguém na portaria - mais atrasos - achou suas chaves, no meio do desespero se xingou por não ter descido com as chaves na mão, como foi tão burro? Abriu a porta passou pelo portão, estava tudo muito quieto, não viu ninguém nas ruas, pensou ser um golpe de sorte não ter nenhum obstáculo no caminho, saiu às pressas em direção a estação que ficava a quatro minutos de sua casa, olhou o relógio, já eram sete e trinta e cinco, ele tinha que diminuir seu tempo de se vestir, pensou seriamente nisso.
Era incrível mas ele não cruzara por ninguém no percurso, não havia carros nas ruas nem os ambulantes que vendiam bugigangas em frente a estação, a sinfonia da metrópole estava silenciada, ele não entendeu o que estava acontecendo, era uma quarta feira como qualquer outra, não era nenhum feriado, ele sabia pois a folhinha dele era revisada todos os dias, só podia ser algum engano.
Chegou à estação, colocou o bilhete na catraca, olhou o horário no relógio digital suspenso perto do guichê central, marcava sete e trinta e nove, estava no horário, olhou para os lados a procura de alguém, ninguém a vista, nem guardas, nem vendedores ambulantes, mendigos ou trabalhadores que dividiam os espaços dos vagões com ele todos os dias de manhã. Já estava em pânico, o que havia acontecido? Onde estavam todos?
Parou em frente a um bebedouro, tomou três goles de água como era seu costume, não antes de fazer um jato de água sair e limpar qualquer vestígio de alguém que tenha bebido antes dele, olha a hora ,o trem não aparece, suas pernas estão bambas, estava pela primeira vez na sua vida atrasado, ele não se preocupava com o mundo a sua volta estar deserto, não se preocupava com a ausência das pessoas, dos veículos e da agitação, ele só se preocupava com seu horário, que o torturava, estava se atrasando, precisava ser rápido, já tinha perdido mais de cinco minutos, na espera inglória de seu trem.
Saiu da estação, faltava apenas nove minutos para as oito , ele tinha quarenta minutos apenas para estar no escritório que ficava à onze quilômetros e quarenta e cinco metros de onde estava.
Ele estava passando por um dia difícil, algo estava acontecendo e ele não sabia explicar, seguiu caminhando por ruas e mais ruas, com o passo apertado, não cruzava com ninguém, todos haviam sumido a cidade parecia imersa em um claustrofóbico torpor, a cidade estava fantasmagóricamente vazia, as lojas estavam abertas, mas não havia ninguém dentro delas, não via nenhum movimento na rua, nem cachorros e gatos vadios, todos haviam sumido, passou pelo viaduto principal do centro, que normalmente milhares de pessoas aglomeravam-se durante o dia todo, não havia nada, só papéis voavam displicentemente sem dar atenção a seu único espectador.
Descia as avenidas e esquinas, estava sendo vencido pelo cansaço, e não tinha andado nem um quarto de todo caminho.
Viu vários carros parados em todas esquinas, garagens e ruas, resolveu fazer algo que nunca havia passado por sua cabeça antes, roubaria um carro, afinal, ele não podia chegar atrasado, e pelo jeito ninguém reclamaria se colhesse um carro naquela seara de automóveis que se ali se apresentava. Escolheu pela cor que mais gostava, branco, como todos seus móveis. Tinha que achar o modelo certo, já era oito e vinte tinha só dez minutos, pegou um carro importado, que segundo havia lido fazia de zero a cem em quinze segundos.
Entrou, a porta estava aberta e a chave na ignição, ligou o carro e saiu em disparada pela rua, talvez fosse a potência do motor, talvez fosse toda situação, ou simplesmente seu primeiro gosto de liberdade, ele estava livre das imperfeições mundanas, acelerou até cento e cinquenta por hora, cruzava as avenidas voando, tudo estava vazio, a cidade estava a sua mercê, ele nunca, nem em seus devaneios mais profundos, havia imaginado a cidade tão ordenada, sem a massa viva e disforme que causava aquele caos que ele era obrigado a conviver diariamente, os seres humanos eram imperfeitos demais, nunca conseguiriam seguir uma ordem satisfatória de atos realmente civilizados. Mas agora ele estava livre, tudo seria organizado, haveria muito mais coerência e lógica, não haveria mais aquele rebuliço do cotidiano, a vida seria matematicamente pensada.
Divisa ao longe o prédio do escritório onde trabalha, pouco depois estaciona de forma perfeita, na vaga em frente à entrada, em um dia normal, aquilo ali estaria abarrotado de veículos, pessoas e guardadores.
Saiu do carro, estava faltando apenas um minuto, se ele se apresasse conseguiria bater seu cartão de ponto no horário certo. Subiu o pequeno lance de escadas da portaria, adentrou no hall, foi até seu cartão, esperou sete segundos até a hora estar correta, em seguida ouviu o clique da maquina registrando sua entrada.
Subiu até seu escritório, estava vazio como a cidade a sua volta, pegou seus papéis, apontou seus lápis e assinou duplicatas como se nada tivesse acontecido, tudo estava perfeito, não haviam erros ou desarranjo, as pessoas não faziam a menor falta, elas só atrapalhavam, tudo estava silencioso.
Foi até a pequena copa, fez um café do jeito que ele gostava, tomou uma xícara, voltou a sua mesa, despachou sozinho, fez planilhas, somas, cálculos, almoçou em dezessete minutos, um dia produtivo como nunca havia tido antes.
Seis horas da tarde, ele pega suas coisas, sai para bater o cartão, quando ouve o clique da maquina acusando o final do dia , um zumbido insistente começou a soar na cidade, um zumbido alto e insistente, que começou a ganhar mais intensidade.
Ele sai rapidamente para a rua, tapa os ouvidos para tentar impedir o barulho, mas é muito agudo e renitente, sua calmaria estava sendo abalada por aquele som mecânico. Entra no carro, liga o motor e acelera, o ronco do motor não atenua o zumbido que agora parece mais uma sirene.
Enquanto desce a avenida para ir embora, começa ver todos os prédios ruirem, uma grande catástrofe estava em curso, ele estava desesperado, não conseguia pensar, ver alguma lógica naquilo, estava tudo fora de controle e o zumbido estava cada vez mais insuportável. Já estava atravessando a ponte quando os blocos de concreto armado iam-se desfazendo atrás dele, acelerou o carro como um louco, parou em uma rua logo após a ponte que terminava de se desintegrar.
O zumbido estava mais forte, saiu do carro, e no alto de um arranha-céu ele avistou uma luz vermelha que inundava os destroços e as poucas marquises que ainda estavam de pé, tentou proteger os olhos e ver de onde vinha a tal luz, de repente, ele sente o ar sumindo de seus pulmões, vê seu carro e tudo a sua volta se dissolver como areia em meio ao brilho vermelho e ao som estridente. Cai de joelhos, imerso nos escombros de seu mundo que tinha sido perfeito, estava morrendo sufocado, olhou para seu relógio, estava marcando seis horas e cinco minutos, 300 segundos, foi o tempo que levou para seu sonho se desmoronar, estava soltando seu ultimo suspiro, quando sorriu, pensando que pelo menos durante esse pequeno espaço de tempo, de um dia de trabalho, tinha conseguido se sentir livre e feliz, como nunca antes em sua vida, ele arranca o relógio do pulso, segura firmemente em suas mãos, seu corpo cai inerte em meio a poeira dos prédios que iam desmoronando, a luz vermelha estava esmaecendo, o som também ia sumindo, o corpo dele com um sorriso no rosto ia sendo coberto por uma camada grande de fuligem e sujeira, o relógio tinha parado e também começou a se desmanchar, a única coisa que não havia se transformado em pó era o corpo dele.
Pela primeira vez ele tinha atrasado, tinha perdido a hora de partir.

Por cleiner micceno

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Pequeno Guia Espiritual de Pedro Alice*

Pequeno Guia Espiritual de Pedro Alice*

Nesta época de dissolução da família e decadência dos valores morais que, eclipsados pelo narcisismo materialista auto-indulgente da civilização ocidental, ameaçam extinguir-se sem deixar rastro. O fruto amargo desta tragédia já pode ser degustado: ódio, violência, drogadição, alcoolismo, pederastia, suicídio, aborto, depressão, obesidade.

Este guia foi concebido no intuito de estimular as novas gerações, principalmente as crianças, a desvendar o rico e estimulante universo da vida espiritual.

Democraticamente são abordadas diversas religiões, onde o leitor terá a oportunidade de escolher a forma de comunhão com o Ser Supremo e a Eternidade com que melhor se identificar.
Inspirado no trabalho do renomado pedagogo, psicólogo infantil e proctologista, rev. Ambrose Hawtorne Bierce.


Catolicismo
Culto gastronômico onde deveremos beber o sangue de Deus, e comer sua carne. Isto não será feito por sadismo, e sim para melhor absorver a divindade através de nossos intestinos.

Protestantismo
Versão menos canibal do catolicismo que não tentará nos deprimir através do uso de imagens, pois prefere utilizar a música para atingir este objetivo.

Evangélicos Pentecostais
Miríades de seitas que possuem um ponto em comum: nelas você poderá ter tanto Deus quanto puder comprar. No Brasil permite-se o futebol com estátuas.

Budismo
Religião na qual você precisará morrer muitas vezes, algumas delas no zoológico.

Judaísmo
Fé onde os meninos terão seu pênis mutilado. Em compensação, poderão usar um chapeuzinho.

Islamismo
Crença que concede à mulher o privilégio de vestir-se com uma barraca.

Espiritismo
Manifestação religiosa que permite que você se divirta conversando com fantasmas.

Ateísmo
No ateísmo, ao contrário das outras religiões, você desperdiçará o seu tempo com as coisas nas quais não acredita.


*Pedro Alice, teólogo e artista gráfico.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

stalker files - anno zero # 6

A rainy night in the meadow

O vento sussurra seus encantos

Na noite lúgubre de devaneios e tristezas

Ouço no prado imóvel

Como uma voz de alento das profundezas

O galopar de uma tempestade

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Nos raios a vida secreta dos altos céus

Que Regurgitam sua raiva na terra sombria

De fantasmas e espíritos impuros

Que vagam sem rumo em uma sinfonia

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No descompasso leve de uma brisa

A luz bate em seu rosto cansado

Longa jornada pela trilha de sombras

Que desvanecem seu interior corrompido

Na boca resta só um gosto amargo

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Raios púrpuros ferem as nuvens.

A tormenta embrutece ainda mais

Qual naufrago sem rumo

Que acede à morte

O temporal lava a alma dos mortais

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Se na penumbra negra sem encanto e de dores fugazes

Pra onde porto seguro é promessa não cumprida

Corroe o fio que sustenta a sanidade

O viajante açoitado pela tormenta perde sua mocidade

E na nevoa macilenta ele perde sua vida

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“Oh tempestade que cai, em dardos que ferem a fronte

Limpa essa nódoa espúria

Lava a alma desse condenado a dor

Retoma a mim, minha vida!

De espinhos longos e dolorosos

Livra esse espectro sem cor”


por Cleiner Micceno

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

4° Seminário de Pesquisa em Histórias em Quadrinhos

4° Seminário de Pesquisa em Histórias em Quadrinhos - Os Quadrinhos e a Universidade, promovido pelo Observatório de Histórias em Quadrinhos da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo, será realizado no dia 19 de setembro, sábado, das 8h30 às 18h.

O evento, com organização do Prof. Dr. Carlos Augusto Andrade, do Prof. Denis Basílio de Oliveira, do Prof. Tiago Souza e do Prof. Silvio Alexandre, acontecerá no campus Liberdade da UnicSul - Universidade Cruzeiro do Sul (Rua Galvão Bueno, 868 - São Paulo-SP). Pesquisadores de Quadrinhos de várias universidades do país apresentarão suas produções acadêmicas: Ed Sarro (FAU-USP), Felipe Lavignatti (PUC-SP), Diego Figueira (UFSCAR-SP), Éderson Paulino da Silva e Michelle Costa Duarte (Metodista-SP), Liber Eugenio Paz (UTFPR), Nicolle Prado de Assis (ESPM-RS) e eu também estarei lá palestrando sobre meu TCC realizado em 2008 na Unimesp em Guarulhos. Mais informações pelo telefone (11) 3385-3000.





IV SEMINÁRIO DE PESQUISA EM HISTÓRIAS EM QUADRINHOS:


“Os Quadrinhos e a Universidade”



Local: UNICSUL - Universidade Cruzeiro do Sul (Campus Liberdade – Rua Galvão Bueno, 868, Liberdade, São Paulo – SP)



Data: 19 de setembro de 2009 – Sábado, das 8h30 às 18h

Organizadores: Prof. Dr. Carlos Augusto Andrade; Prof. Denis Basílio de Oliveira, Prof. Tiago Souza e Prof. Silvio Alexandre

Programação


08h30 - 09h00 – Abertura

09h00 - 09h30 – comunicações

09h30 - 10h15 – palestra:

* Estruturas Icônicas nas Cartilhas de Treinamento Quadrinizadas (Mestrado) / Ed Sarro (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU-USP)

10h15 - 11h00 – debate com o público

11h00 - 11h30 – intervalo

11h30 - 12h30 – palestras:

* Uma Arte Subestimada: A Cobertura das Histórias em Quadrinhos na Imprensa de São Paulo (Pós-graduação) / Felipe Lavignatti (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP)

* Dialogismo e Tradição nas Histórias em Quadrinhos Contemporâneas (Mestrado) / Diego Figueira (Universidade Federal de São Carlos - UFSCAR)

12h30 - 12h45 – debate com o público

12h45 - 14h00 – Almoço

14h00 - 14h30 – comunicações

14h30 - 15h30 – palestras:

* Histórias em Quadrinhos e Alfabetização de Crianças – Um estudo a partir da alfabetização infantil (TCC) / Éderson Paulino da Silva e Michelle Costa Duarte (Universidade Metodista de São Paulo – Metodista)

* Considerações sobre sociedade e tecnologia a partir da produção de histórias em quadrinhos de Lourenço Mutarelli no período de 1988 a 2006 (Mestrado) / Liber Eugenio Paz (Universidade Tecnológica do Paraná – UTFPR)

15h30 - 15h45 – debate com o público

15h45 - 16h00 – intervalo

16h00 - 17h00 – palestras:

* HQ Udigrudi: a linguagem artística dos quadrinhos alternativos na década de 1970 no Brasil (TCC) / Cláudio Rogério da Silva (Centro Universitário Metropolitano de São Paulo – UNIMESP)


* Animextreme: Um Evento da Cultura Pop Japonesa e o Fascínio dos Jovens pelo Mangá (TCC) / Nicolle Prado de Assis (Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM)

17h15 - 17h30 – debate com o público

17h30 - 18h00 – Encerramento
Rápida Avaliação e Previsão do próximo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Um conto sobre sangue e cigarros

Sobre sangue e cigarros


Maldita tempestade! Disse George .

Ribombavam gotas do tamanho de pombos desgovernados no parabrisa do Buick preto. Aquela noite estava muito ruim para dirigir em qualquer direção, George já estava cansado demais para continuar, mas precisava seguir em frente, não podia se dar ao luxo de parar por muito tempo, pensou que seria legal, pelo menos, tomar um café forte e amargo em alguma parada no caminho, coisa rápida, mas necessária se quisesse sumir do mapa impune.

Tentava avistar alguma luz que denunciasse um posto, um bar de beira de estrada, uma boate, qualquer lugar que pudesse estacionar, esticar as pernas e tomar algo.

Seus olhos tateavam a escuridão, só conseguia ver poucos metros a frente, a chuva não dava sinais de melhora. Alguns quilômetros depois, avista uma pequena luz tênue que se aproxima rápido, um luminoso de néon desbotado apontava para uma parada de caminhoneiros. O Buick cruza a pista, entra em uma entrada de chão batido e saibro, o carro navega nas poças. Com os faróis baixos, segue até o local mais escondido do estacionamento da espelunca, George não queria ser notado. Ele pára o carro negro e antes de sair, olha seu reflexo assustado no espelho, ajeita os cabelos da melhor forma que pode, olha ao seu redor, o veiculo ainda tem marcas de sangue por todos os lados, confere suas roupas, elas não tem nenhuma mancha aparente, pega sua arma semi-automática de 9mm, coloca no bolso do casaco e sai do carro, a chuva estava muito forte, se molhou quase que instantaneamente, caminha em direção a luz mortiça que formava um halo quase imperceptível naquela noite escura e úmida.

George entra na baiúca, senta-se em uma mesa no canto, olha a fauna dentro do lugar, não havia mais que dez pessoas por lá, provavelmente caminhoneiros entediados tentando passar o tempo jogando bilhar e tomando umas e outras, só havia uma mulher perdida, provavelmente uma puta, era uma loira alta, que já teve dias melhores, ela conversava com o garçom baixo e careca que estava atrás do balcão de madeira marrom, grande e sem verniz.

Estava tudo bem por enquanto, ele ia pedir o café, umas aspirinas e logo iria embora.

O garçom se aproxima com uma cara nada amistosa, coloca um cardápio embolorado na frente de George, que apenas fala - Espero que seu café esteja em melhores condições que seu cardápio, me traga um copo e uma cartela de aspirinas – o garçom puxa o pedaço de papelão escrito da frente de George e sai com a mesma rapidez que tinha aparecido, volta uns minutos depois com uma jarra de café, enche a xícara de George e vai de novo conversar com a loira. Ele fala algo para a mulher, que logo após, faz uma careta se levanta, e segue tropegamente em direção à George, que nesse exato momento, começa a sentir que os olhares dos caminhoneiros se direcionavam para ele

Ela senta-se em sua frente, seus lábios carregados de batom vermelho balbuciam em uma voz tremula e bêbada - Você tem fogo doçura - ela saca de um cigarro e coloca nos lábios frouxos, George pega seu isqueiro e o acende , a chama ilumina o rosto dela por uns instantes, mostrando sua pele enrugada e envelhecida, parecia que ela também estava embolorada, talvez pelo tempo úmido ou pela umidade da vida, George aproveita e acende um cigarro pra si mesmo.

Passa-se quase um minuto antes da mulher falar alguma coisa, George , sempre quieto, observa a loira e os amigos caminhoneiros dela, que não desgrudam os olhos dos dois - Sou Darlene, venho aqui todos os dias, e não conheço você - George apenas mexe os lábios, e diz qualquer coisa desconexa, Darlene insiste. - De onde você vem benzinho, quer um pouco de diversão comigo, se for um bom menino dou um desconto para você. - As palavras caiam como uma cachoeira daqueles lábios moles, George estava quieto, não queria conversar, só queria terminar seu café e ir embora.

Darlene estava ficando alterada, já estava bêbada , começou a falar mais alto e o silêncio de George a fez ficar enfurecida, ela se levanta e grita a plenos pulmões – Olha ai gente, o galã aqui, acha que é bom demais para conversar com a pobre Darlene – George a puxa pelo braço e a faz sentar – Fique boazinha ai, que te pago uma bebida – um dos brutamontes que assistia a cena se aproxima e Darlene apenas gesticula para ele que está tudo bem. George pensa ter sido péssima idéia ter parado ali.

Ela chama o garçom e pede sua bebida – Bob traga mais uma dose, é por conta do cavalheiro aqui. – Em seguida o careca chega com um shot de whisky puro, que ela mata em uma talagada sem fazer careta. – Querido agora estamos nos entendendo melhor, o que você está fazendo aqui, essa hora, sozinho? mamãe não falou que era perigoso andar à noite? – George apenas entorna seu café com duas aspirinas e responde tudo de forma monossilábica enquanto a puta tagarelava como um papagaio de voz estridente.

George pensa no corpo de Suzanne, sua ex-mulher, jogado no chão da sala da casa dela, será que alguém já o teria encontrado? A discussão tinha começado no Buick, ela nunca tinha aceitado sua decisão de ir embora, mesmo separados a mais de um ano, ela ainda nutria por ele uma paixão obsessiva, com ligações insistentes no meio da madrugada, para saber se ele estava em casa ou com alguém, chegou ao cúmulo de por um detetive em seu encalço, ligava para os amigos e conhecidos. Tudo estava fora de controle há tempos, ele já não agüentava mais tanta pressão, já tinha preparado tudo para sumir da cidade, já tinha programando ir para o país vizinho, recomeçar tudo do zero naquela noite. Suzanne estava descontrolada e se tornando inconveniente demais, ele ia comunicá-la da partida e acabar de vez com isso, colocar um ponto final nessa paranóia, afinal, um homem não pode viver assim. Ligou convidando-a para jantar, para tentar resolver isso de forma civilizada. Colocou todas suas poucas coisas no porta-malas do carro, e seguiu até o bairro afastado e deserto, onde ele morou com ela por quatro anos. Esperou por alguns minutos ela se encaminhou até o carro parado na frente da casa, Suzanne havia entendido o convite para jantar de forma errada, apareceu com um lindo vestido de noite, imaginando que George iria se reconciliar com ela, quando entrou no Buick tentou beijá-lo, como se nada tivesse acontecido, falou como ela tinha sido tola e estava muito feliz em tê-lo de volta. George a afasta com um safanão e começa a falar sobre tudo e sobre as atitudes dela e o porque de ter vindo. Suzanne depois de uns segundos, com ódio e com seus sentimentos feridos, se descontrola, e no meio de sua cólera, tirou os sapatos pretos de saltos finíssimos - os preferidos de George - e começou a golpeá-lo na barriga e nas costas, ele apenas tentava segurá-la, quando em um golpe da mão de Suzanne, o porta-luva se abre, de onde cai a 9 mm de George. Em um lance ágil, Suzanne pega a arma e aponta para ele, o acuando entre o volante e a porta do motorista - Não Suzanne,você está louca, abaixe essa arma! – Suzanne em prantos, fala, entre as lágrimas e o muco escorrendo de seu nariz manchando o vestido de noite agora rasgado - Eu dei minha vida por você desde o colegial, entreguei minha juventude, meu futuro em suas mãos e você simplesmente me abandonou, sem nenhuma explicação convincente, saiu de casa naquela noite fria, com sua mala na mão e nem olhou pra trás, chorei cada dia de sua ausência, e agora que pensei que você estava disposto a retornar, você me abandona de novo, e vai sair do país? não George ,você não vai mais sair daqui! - George suava em bicas, sabia que aquilo ali não terminaria bem, tentava pensar em algo para distraí-la e desarmá-la, - Suzanne, abaixe essa arma vamos conversar como dois adultos de forma civilizada – ele falava com voz nervosa – De forma civilizada? Igual o dia que vi você arrumando as malas e me deixando sozinha e sem explicações? - ela respondeu – Com você não existe forma civilizada de conversa, já que você não vai ficar comigo, não tenho mais nada a perder, adeus George – e enquanto ela falava isso, baixou os olhos por um instante para limpar as lágrimas, George saltou de onde estava e agarrou a mão de Suzanne, e após alguns segundos de uma luta frenética, a arma dispara, Suzanne grita de dor, balbucia suas ultimas palavras nos braços de George – Eu só queria ter você perto de mim- e seu corpo cai já sem vida no colo de George, o tiro tinha acertado o peito de Suzanne e atravessado pelas costas, deixando uma linha de sangue através do vestido. George ainda se recobrando da luta, pega a arma coloca de volta no porta luvas, encosta o corpo de Suzanne na porta do carona, fica parado ali por uns dez minutos, abalado com tudo que ocorrera. Enquanto o sangue escorria pelo banco de couro do Buick, George vai até a casa de Suzanne abre a porta, vai até a geladeira, pega uma cerveja, toma um gole enquanto pensa no que fazer, de uma forma ou de outra estava livre de Suzanne, sentia alívio, por pior que isso parecesse, não sentia remorso, se sentia bem , incrivelmente bem. Foi até o carro, pegou o corpo de Suzanne, olhou na rua, estava deserta, o trouxe até a sala, deixou o corpo ali, tomou mais um gole de cerveja, colocou a garrafa vazia em cima da mesa de centro, ganhou a rua, entrou no carro negro, ligou e partiu em disparada para rodovia, no mesmo instante começou uma chuva torrencial, toda aquela água que caia, limpava as ultimas máculas de sua alma, ele iria simplesmente continuar seu plano de mudança, como se nada tivesse acontecido, teria vida nova, quando encontrarem o corpo ele já estaria do outro lado da fronteira.

Quatro horas depois, George estava agora no bar, com uma puta bêbada, tagarelando em seu ouvido, George termina seu café, toma mais uma aspirina, chama o garçom, pede a conta e fala - Sirva mais um desses para a senhorita. - Acende mais um cigarro, oferece outro a Darlene, o garçom chega com a conta e outro shot de whisky – Obrigado meu novo amigo. Gente esse é meu novo amigo!- ela disse entornando em um gole o whisky, enquanto George levantava, Darlene dava sinal de que ia perder a consciência e sua cabeça balançou vagarosamente e se acomodou na mesa, seu batom vermelho estava borrado pela baba que escorria de sua boca , o cigarro estava prestes a queimar seus dedos. George vai até o careca , coloca uma nota sobre o balcão, e diz para o garçom – Fique com o troco e cuide de sua amiga, ela bebeu demais por hoje. - Saiu do bar com os olhares o seguindo, a chuva continuava forte, mas ele estava agora bem desperto, entrou no carro negro, abriu o porta-luva, colocou sua arma la, ligou o carro, acelerou e saiu espalhando água das poças em todas direções. Pegou novamente a rodovia, viu uma placa: Fronteira a 400 quilômetros. Era melhor acelerar. Acendeu mais um cigarro, pensou que teria que vender o carro para alguém que não fizesse muitas perguntas, uma pena ele amava aquele carro, pisou fundo, queria velocidade, não tinha muito tempo.

A chuva caia pesada, George estava se sentindo cada vez mais leve.

O Buick voava baixo na rodovia deserta e o ronco do motor ia sendo encoberto pelo ruído da chuva.

Por Cleiner Micceno

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

clipe da banda Instinto dirigido por mim confiram





instinto - uma luz ( http://www.myspace.com/bandainstinto )

Banda instinto é:

Catatau: vocal

Leonardo: guitarra

Péia: Guitarra

Tonho: baixo

Rodrigão: Bateria

Música - Uma luz

http://www.myspace.com/bandainstinto

Letra por catatau

Musica por banda instinto



Fotografia, Câmera, Edição, Produção e Direção

Cleiner Micceno - Mambo Produções


cleiner.mambo@gmail.com

15 - 9102 8945


http://stalkershots.blogspot.com/

http://twitter.com/reverendstalker



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

São Paulo recebe mostra do diretor canadense Guy Maddin




"Drácula: Páginas do Diário de uma Virgem" é um dos
filmes de Maddin expostos na mostra

O Centro Cultural Banco do Brasil (região central de São Paulo) hospeda nova mostra cinematográfica a partir desta quarta-feira (9). A programação No Crepúsculo de Winnipeg: O Cinema de Maddin reúne longas e curtas do diretor canadense --expoente do cinema independente e contemporâneo.

Os 36 trabalhos de Guy Maddin --9 longas e 24 curtas-- serão exibidos no ciclo até o domingo seguinte (20). Sua produção é marcada por influências do expressionismo alemão, por linguagens cinematográficas diversas e por discussão acerca da condição humana no mundo atual. Um de seus filmes é "A Música mais Triste do Mundo" (2003), em que Isabella Rossellini vive uma baronesa que pretende premiar aquele que compuser a canção mais triste do mundo.

Já "Drácula: Páginas do Diário de uma Virgem" (2002) traz uma adaptação do clássico de Bram Stoker, enquanto em "Contos do Hospital Gimli" (1988) uma avó conta uma fábula misteriosa a suas netas.

Para quem deseja conhecer mais sobre o artista, a mostra traz também dois documentários sobre Maddin e um curta feito em sua homenagem.

Saiba mais sobre os filmes e a programação do evento no site da mostra.

Centro Cultural Banco do Brasil - r. Álvares Penteado, 112, Centro, região central, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3113-3651. De 9/9 a 20/9. Classificação etária de cada filme e programação no site.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Segundo dia de gravações do documentário sobre Eddy Teddy

Foguinho, Della Monica, Vebis e Cleiner
Aproveitando o feriado e a feira de discos que rola em Sampa, fizemos mais imagens e entrevistas para o Doc. Eddy Teddy. Na feira várias figuras da história do rock brasileiro, o pesquisador musical e musico Albert Pavão, o baterista Foguinho da banda de Surf Music Jordans, Della Monica da banda Sparks, Nenê Benvenuti que tocou no Rebels e Incríveis e muitos outros figuras frequentadores das feiras de discos que nasceram no quintal da casa do Eddy Teddy no final dos anos 70.


Cleiner, Vebis, Luiz, Helio e Tangerino atuais organizadores da feira

A feira até hoje está na ativa, com eventos regulares, reune centenas de colecionadores e interessados em discos de vinil, eu mesmo um colecionador e fanático por vinis, fui obrigado a comprar o METALLIK 'KO do Iggy and Stooges, e falo mais, sorte não ter tido tempo de rodar todas as bancas e ver tudo que estava exposto, porque senão a garfada teria sido muito maior.
Luiz, Nenê Benvenuti, Mauricio C. Brito, Vebis e Cleiner

Logo teremos mais informações, infelizemte achuva frustrou nossas entrevistas de hoje, mas quem disse que num trabalho tão extenso não teriamos pequenos contratempos? Isso faz parte da festa.

Foguinho, Della Monica, Cleiner
Luiz e Vebis

abrss a todos,

informações detalhadas no blog sobre o documentário Eddy Teddy


Luiz, Albert Pavão e Cleiner

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Stalker Shots entrevista André Dahmer


Entrevista exclusiva com André Dahmer criador d´Os Malvados, feita no dia do lançamento, em SP, do livro " A cabeça é a ilha " dia 09 de agosto de 2009

André é um dos mais conhecidos autores da nova leva de quadrinhistas brasileiros, com um humor ácido e niilista consegue fazer de seus malvados, assim como de outros personagens , uma síntese da modernidade, com uma ironia inteligente e acertiva.
Quando encontrei André estava na frente da loja onde seu livro estava sendo lançado se mostrou muito simpático e tímido. falou muito sobre sua filosofia de trabalho e sobre arte, sobre o mercado gráfico e como a revolução digital para divulgação de trabalhos pode ser uma faca de dois gumes, mas louva a diversidade e a democratização, com a quebra da verticalização da informação, também conta um pouco de sua trajetória e suas influências.
divirtam-se


conheça os malvados e o trabalho de André Dahmer

www.malvados.com.br

Johnny Cash ganha biografia em HQ


Revista com a história do astro chega aos EUA no dia 1º de outubro

Johnny Cash é o novo herói das HQs. A vida do cantor norte-americano será contada em quadrinhos de Reinhard Kleist na obra Johnny Cash: I See a Darkness, prevista para chegar às prateleiras dos Estados Unidos no dia 1º de outubro.

De acordo com o site The Boot, a revista retoma a carreira de Cash desde os primeiros trabalhos com a gravadora Sun Records, na década de 50, até os últimos anos do astro country, morto no dia 12 de setembro de 2003. Com imagens em preto e branco, a HQ irá retratar também episódios marcantes, como quando o cantor participou de sessões em estúdio ao lado de Elvis Presley, em 1959, e o lendário show na Folsom Prison, em 1968.

A HQ já ganhou uma edição exclusiva para o mercado europeu, mas só agora será disponibilizada na terra natal do astro em uma versão "definitiva", com 224 páginas. O título, informa o site, é baseado na música homônima de Will Oldham, gravada por Cash no disco American III: Solitary Man, de 2000.

Johnny Cash: I See a Darkness é a segunda história em quadrinhos focada na vida do cantor. Em 1976, uma revista chamada Hello, I'm Johnny Cash foi lançada nos Estados Unidos sob o preço de 39 centavos de dólar - agora, a história de Kleist sairá por U$ 17,95 (cerca de R$ 35) em lojas especializadas e na megastore virtual Amazon.

Segundo informações recentes de Adriano Zamprogna aqui pelo blog, o livro será lançado em outubro no Brasil.